Há qualquer coisa de muito nobre que pulsa das terras do Douro. Das vinhas que absorvem as entranhas da terra nasce uma dádiva que une os homens. E da generosidade dos que constroem mata-se a sede da alma, na partilha e na homenagem à natureza, numa das mais bonitas paisagens do mundo.
Quando a Symington me convidou para embarcar rasguei um sorriso, pelo privilégio de me deixarem ir abrindo as magnânimas portas do seu legado. Uma empresa que é uma verdadeira família e que quanto mais conheço, mais me deixa rendida ao sentido de excelência, de tudo o que tocam.
Dia 23 de Junho, feriado do santo da cidade estrondosa (como gosto de chamar ao meu querido Porto), o São João, embarquei num barco rabelo da Warre’s para com a equipa defender o título de vitória do ano passado.
Porque a Quinta da Cavadinha defende o ciclo de maturação tardio, originando aromas frescos e elegantes, e porque é um privilégio ir conhecendo toda a entrega que a família Symington oferece a Portugal, não tive dúvidas em aceitar o convite. E com a brisa estival vivi a bordo do rabelo da Warre’s, uma das mais bonitas experiências que já vivi no Porto .
O dia anunciava-se quente. O vento incerto parecia ter-se refastelado à sombra de umas das árvores que envolvem o Douro. O Porto fica ainda mais bonito inundado de luz magnífica. A beleza do alcance das margens comove-me sempre. As cores, o rio, as pontes, as caves, a história transpiram do cenário de uma cidade que masculina, é também sensível, e que nos protege como compete à energia viril de uma cidade homem.
Dos 4 barcos – Graham’s, Warre’s, Cockburn’s e Dow’s – relembro o primeiro homem que é homenageado na vela azul marinho. William Warre (1706-1773) foi o homem fósforo que fez chegar até aos nossos dias um dos vintages mais desejados do mundo. Porque as imagens falam mais do que mil palavras, ofereço-vos na gratidão do privilégio uma experiência que merece ser vivida na extensão de quem quem ama o Douro. E esse amor está nos detalhes, está na alegria com que troco dois dedos de conversa com os colaboradores da Symington (sejam eles os guardiães do armazém, ou o homem que vende os vinhos desta ilustre casa no fim do mundo), que vou conhecendo a cada dia que passa e que constituem esta grande família, que tanto faz pela marca de Portugal.