I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Depois do entusiasmo do JNCQUOI o Verrides Palácio Santa Catarina é a segunda abertura mais esperada abertura do ano. Com uma localização privilegiada no largo do miradouro de Santa Catarina, e de mão dada ao Adamastor, o palácio foi finalmente reabilitado para dar lugar a um hotel de luxo na cidade de Lisboa.

A culpa é sempre da beleza desta cidade que move a loucura dos seus grandes apaixonados. Naush Kanji, fundador do grupo Winkel van Sinkel e Kees Eijrond um homem ligado às artes da cultura, dois holandeses que desde 2002 marcaram o seu sonho alto, quando decidiram dar forma ao desejo de reconstruir esta morada que tanto marca uma das praças mais deliciosas da capital.

Lisboa, ou o amor que lhe temos, marca definitivamente o meu encontro com a história do Verride Palácio de Santa Catarina. No alfarrabista do meu irmão – número 44 da Rua do Alecrim  – pulsava há uns meses, uma lindíssima gravura de Lisboa. Ficaria linda na minha sala de jantar, mas quis o destino marca-la como “reservada” quando me encontrei com ela pela primeira vez. “Já está reservada, vai para um hotel lindíssimo na cidade, vais gostar” disse-me o meu irmão Bernardo. Não tinha uma dúvida e confirmo que adorei vê-la pendurada num dos quartos, por isso troquei a cobiça pela alegria de a ver partilhada com tantos viajantes do mundo que dormirão, como eu tão apaixonados pelo encanto desta cidade holofote.

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Torna-se oficial que vivo neste misto de sentir que os turistas em massa estão a invadir a minha cidade, com a alegria de ver Lisboa finalmente a ser renovada como ela merece. A minha rua, num dos bairros mais desejados da capital parece um estaleiro e em frente à grande porta azul com que entro na minha casa tenho neste momento um prédio e duas casas a serem recuperadas. Um barulheira é certo, mas uma alegria enorme também em ver finalmente a a acontecer a cidade com tanto para recuperar, como tanto suspiravam tantos dos meus amigos estrangeiros.

Desabafos à parte, o Verrides Santa Catarina vem posicionar Lisboa como eu sempre achei que deveria ser posicionada. Pegando no testemunho do Miguel Guedes de Sousa do JNCQUOI, “Portugal deve ser vendido como a Chanel” e não como uma marca de massas, este é mais um exemplo do posicionamento que desejo para Lisboa, por isso agradeço os quase dezoito milhões (sim minhas senhoras, e meus senhores dezoito milhões) de investimento que Nash e Eijrond fizeram nesta morada e que abre portas de maneira muito particular.

Sem querer revelar tudo porque esta será uma viajem para fazer no formato que já conhecem, deixo as imagens como uma primeira impressão. O projecto é do atelier de arquitectura assinado por Teresa Nunes da Ponte.

Com o privilégio de lá dormir, antes de abrir oficialmente confirmo a luz estrondosa, a vista estonteante (tem um dos miradouros 360º mais deslumbrantes de Lisboa – uma equipa muito querida vinda dos melhores hotéis de Portugal e a promessa do restaurante Suba que tem das melhores vistas da cidade. Com acesso directo pela Travessa da Portuguesa, há ainda outro restaurante, o Criatura, que tira partido da grande dimensão das abóbodas e arcos em tijolo maciço da estrutura original do edifício. Todo um projecto de recuperação e devolução à cidade, para agradecer e descobrir mais aqui e nos registos fotográficos que vos deixo mais em baixo.

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Os detalhes em madeira da King’s Suite 

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 A beleza da Queen’s Suite, a minha preferida.

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As linhas contemporâneas dos restantes quartos.

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Os deliciosos detalhes da sala revestida a azulejo e virada a nascente que se prolonga para um terraço exterior terminando numa piscina virada ao Bairro da Bica e ao rio, onde se pode também tomar pequeno almoço.

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O Restaurante Suba que promete uma das salas de jantar com melhor vista sobre Lisboa.

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Os majestoso hall de entrada

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umas linhas sobre a história do Palácio

A génese deste palácio no grande palco para o Tejo que é o bairro de Santa Catarina, remonta à primeira metade do século XVIII. Casa do Barão e Visconde de Molelos, Francisco de Paula Silva Tovar, deputado às Cortes Constituintes, foi também. ao longo dos anos alvo de sucessivas obras de diferentes proprietários, destacando-se uma das grandes intervenções em 1856, quando Sebastião José de Freitas Júnior. A compra do palácio, em 1910, por João Lobo Santiago Gouveia, conde de Verride em 1901, faz o palácio atingir o seu auge de intervenções, destancando-se nos interiores, sobretudo no andar nobre (o primeiro), as linhas floreadas da época. Em 1939, o palácio é propriedade do poeta João Santiago Prezado e em 1969, a propriedade, então na posse de João Jorge Santiago Corte-Real, é adquirida pela Caixa Geral de Depósitos que no ano seguinte constrói um andar amansardado. Dois edifícios pré-terramoto contíguos a nascente, tornejando da Travessa da Portuguesa para a Rua do Almada, são igualmente comprados pela CGD para ampliação das suas instalações. Demolidos em 1975, em seu lugar foi construído um edifício de linguagem assumidamente contemporânea, do risco do arq. Palma de Melo, que comunica internamente com as caves do palácio. Em 2002 inicia-se o processo de interesse de aquisição por parte de Naus Kanji e Kees Eijrond, um processo longo e perseverante que abre portas em 2017.