I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Mais um livro e a estóica missão de Vítor Sobral

“O bacalhau é, de longe, o prato mais apreciado pelos portugueses. Neste livro, que chega pelas mãos sábias do chef Vítor Sobral e da sua equipa, que nasce depois de uma viagem do chef à Noruega, a origem do melhor bacalhau, encontrará tudo o que há a saber sobre o seu fiel amigo, desde receitas inéditas aos obrigatórios clássicos, com dicas de preparação e muita informação sobre o impacto do bacalhau na cultura e na vida dos portugueses. É, naturalmente, impossível chegar ao estatuto atual do bacalhau da Noruega sem que este se confunda com a própria cultura do país, sem povoar hábitos diários e mundos imaginários. O bacalhau é, como já se percebeu, o herói deste livro. Com honras de palco principal, com todo o destaque que ele merece, o chef Vítor Sobral mostra-nos que, com tanta escolha, não tem de confecionar o bacalhau sempre da mesma forma”.

O Natal da minha família sempre se habituou ao bacalhau alto de postas inteiras com direito à batata, ao grão, aos legumes e ao azeite que é sempre escolhido como um vinho de excelência. Mas a partida do meu Pai mudou o hábito que agora é vivido na versão bacalhau com broa na ceia de Natal, com uma receita da matriarca minha Mãe, que é de comer e chorar por mais.

Foi com grande influência da sua Mãe que o chef Vítor Sobral iniciou as suas incursões na cozinha. Entre a distância desses tempos raros e o lançamento deste livro, há uns dias atrás na Tasca da Esquina – onde almocei divinamente bem –  há um caminho perseverante de um grande amante dos valores tradicionais portugueses. Na senda das suas tascas pioneiras nesta moda das tacas chiques, que calçam como uma luva o espírito das nossas cidades, este livro do chef não poderia chegar em hora mais perfeita. Com o Natal à porta e como um dos presentes com sentido, este livro chega-nos como uma lufada à auto-estima de Portugal.

Não sei como, ainda não conhecia pessoalmente o grande chef, mas pelo caminho consistente que foi trilhando sempre olhei para o seu postal de vida, com a certeza que um dia nos sentaríamos à mesma mesa. Um dos meus irmãos mais exigentes, frequenta a Tasca da Esquina como uma segunda casa de jantar e  na partilha da simplicidade do que realmente faz sentido a Lisboa, há pessoas que muito fazem pela nossa marca e este homem, de percurso humilde tem acrescentado sólidos tijolos ao que importa construir a imagem de uma cidade.

Com uma espontaneidade polvilhada de vernáculo muito genuíno, o meu atraso no almoço de Campo de Ourique deu-me um lugar privilegiado ao lado do chef. E nas palavras firmes, apercebi-me que levar Portugal ao mundo é mais do que uma missão é um prazer que Vítor Sobral tem na vida. Em segundos, rendi-me à  frontalidade e  honestidade das suas palavras, enquanto sorria com causa justificada: ambos defendemos a importância do nosso Atlântico no mundo, ao lado dos Açores, que concordamos ser um dos paraísos da terra.

Na conversa que acompanhou o nosso almoço, identifiquei-me com o rasgo de pensar sempre grande, e da sua marca pessoal (que abraça sempre a marca de Portugal) ter já atravessado o oceano com uma das suas tascas em São Paulo. E mais do que um bom presente de Natal ou um grande testemunho para a nossa auto-estima, estamos também perante um autor que na sua história de vida conseguiu-se levantar sempre das suas quedas, sem nunca desistir dos seus sonhos. E a humildade com que o assume é notável, assim como as pétalas que atira à sua equipa, que diz ser fundamental para remar o barco.

Sem sombras ou dúvidas, este livro é uma  inspiração para aprender e reaprender o espírito das melhores receitas de bacalhau, que com direito a postas inteiras, ou em forma de pataniscas em tempos de crise, reclama mais do que nunca, o grande sentido e a grande paixão de se ser português.

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