A Cidade na ponta dos dedos viajou até Palermo e Milão, convidada pela Nespresso para conhecer as edições limitadas que elogiam as atmosferas contrastantes da elegância de Tribute to Milano e a riqueza cultural de Tribute to Palermo. Depois da viagem pelo instagram, vivida ao momento em tempo real, esperei pelo novo site para partilhar novamente as edições quase esgotadas, de mais um lançamento especial da Nespresso ligada às cidades.
Bastam poucos segundos para sentir a intensidade da vibração de Palermo. A pulsar o coração da Sicília, na versão de uma cidade ondulante cola-se com ousadia na pele e nos sentidos. Na brisa os aromas do Mediterrâneo e no movimento, um caos que mesmo sem ser calmo, retêm-me por momentos em algumas fitas de Nanni Moretti.
O meu querido Al Berto dizia que viajamos para confirmar a existência do mundo e porque é nos livros que mais viajo, são encontros sempre obrigatórios em todos os voos de pássaro. Selada para sempre como uma atração fatal, talvez por isso e ainda sozinha e sem conhecer o grupo de jornalistas internacionais, o tropeço acelerado e imprevisto numa feira alfarrabista.
Truman Capote dizia que a Sicília é mais bonita do que qualquer mulher. Não há pequenos almoços em frente à Tiffany’s (uma das suas obras), mas há um pulsar muito emocional que só pode ser entendido numa cidade ‘curvilíneantemente’ italiana. Os movimentos são encorpados e intensos e o delinear das ruas faz-se sentir pelo calor, mas também pelos aromas rasgados que misturam desordenadamente a história e o ondular alucinante e contrastante da cidade.
Pela primeira vez em Palermo, na intensidade da memória trazia duas cenas importantes de duas fitas inesquecíveis. Uma na carismática escadaria do Teatro Maximo, onde foi filmado o grande final da triologia ‘O Padrinho‘ do Francis Ford Coppola. Aquela cena dramática em que o Al Pacino e a Diana Keaton choram a in’justiça’ do mundo com a queda frágil e meiga da Sophia Coppola, ainda tão novinha ao som do estrondoso, magistral e obrigatório Intermezzo da Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni.
Mas é no postal da sala de baile do ‘O Leopardo’ do mestre Luccino Visconti que ainda respira no Palazzo Valguarnera-Gangi que me elevo redondamente. Na Piazza Croce dei Vespri, aconteceu uma das fitas mais elevadas da minha biblioteca Atlântica e que me tira muitas vezes a respiração, uma versão elevadíssima das páginas intensas e suaves de Lampedusa.
Assim por momentos, bastar-me-ia fechar os olhos para sentir a magia desta cidade abraçada as estas duas histórias cénicas. Mas Palermo ultrapassa-me as memórias, e podemos até tentar fugir por alguns segundos, mas somos invadidos pelos aromas intensos da velocidade. E mesmo quando fico simplesmente quieta a observar, algo acontece. Seja um ciclista que quase se estampa a olhar para trás a dizer que gosta do nosso ‘vestito verde’, seja na intensidade dos olhares que se cruzam na velocidades dos movimentos.
No elogio aos cafés da cidade, há a elegância das esquinas inesperadas e cafés históricos onde levitamos com uma Granitta gelada.
Mas é nas ruas mais profundas que alcançamos o coração da cidade. A caminho do Mercatto di Balaró, o mais carismático mercado de Palermo, ‘la vergogna delle donne’ num ‘have a nice day’ selam o ADN da cidade. Misteriosa e intensa mas ao mesmo tempo suave e discreta. Palermo é tudo isso.
Um pouco mais à frente apanham-me desprevenida e com seriedade nas margens desta morada Siciliana. ‘La donna di Lisbona (como me chamavam), o Padrinho e o Patrão’. Vito Corleone em arte urbana, no papel desempenhado pelo magnânimo Marlon Brando e um siciliano local que fala por si. Rico e picante como só Palermo consegue envolver-nos nos seus aromas de cacau e pimenta, em compassos encorpados.
A experiencia do mercado enaltecem-se nas texturas. Os aromas rasgam as memórias e fixo os postais mais importantes.
Mas é numa história de amor que me retenho. Nenhum momento é tão sublime como na partilha. No passar da história, da minha e da destes viajantes da cidade com que me cruzo, abro a minha valsa. Não estou nas páginas de Lampedusa nem numa fita de Viscontti. Estou simplesmente a viver o presente numa das cidades mais intensas por onde já passei no mundo.
To be continued.
Para sentir mais aqui.