Nas emoções da pele, trazem o calor que nos chega pelo azul do Atlântico. Na missão da vida, querem rejuvenescer o estilo da cidade de Lisboa – que tem tudo para ser ‘naturalmente cool’.
Miguel Oliveira e João Belmar da Costa são os jovens fundadores da Taçai que me comovem pela simplicidade e pela meiguice com que falam do potencial da minha cidade. Conheci o projecto este verão, nas tardes quentes do Jardim da Estrela, o meu jardim-de-infância que este Domingo faz uma grande festa de dois anos (não deixem de ir e ter a oportunidade de passar uma tarde bem vivida e de provar o Açai em taça). A dupla luso-carioca está a mimar a vitalidade da cidade com os poderosos nutrientes do Açai que, usado de muitas maneiras, nos chega em forma de mousse sorvete. Na versão da taça com fruta e granola, a curiosidade já desperta a procura de famílias inteiras, jovens, desportistas, mas também senhoras de idade que já não passam a sua tarde sem os super-nutrientes e o sabor invulgar e deliciosos do Açai.
Como uma das frutas mais nutritivas do planeta, o Açai cresce na Amazónia no Brasil e em estado natural, puro, sem aditivos, é um alimento milenar que, pelo seu potencial, já atravessou muitos séculos. Com trinta e três vezes mais de antocianina que a uva, imaginem a virtualidade que este fruto poderoso faz pela energia vital e etérea de um ser humano. Rico em proteínas, vitaminas, potássio, cálcio – é um excelente substituído do leite para quem, como eu, não lhe toca, uma vez que tem o mesmo teor de proteínas e cálcio, quatro vezes mais energia, sete vezes mais de hidratos de carbono, oito vezes mais de vitamina B1 e C e cento e dezoito vezes mais de ferro -, fósforo, magnésio, zinco, ferro, tudo sem qualquer gordura ou glúten.
A sua cor arroxeada deve-se a uma das mais ricas fontes de antioxidantes, propriedade que retarda o envelhecimento precoce e melhora a saúde da pele. Além de reduzir o colesterol, ajuda o sistema cardiovascular, com forte prevenção na arteriosclerose, perda de memória e visão, anemia e diversos tipos de cancro. Melhora ainda as funções digestivas e favorece a circulação.
Também com funções energéticas para atletas, ainda consegue ser afrodisíaco. Que o fruto é excelente para a saúde, não tenho dúvidas. Que os olhos também comem e que provar um Açai em taça com mel, frutas e granola no sol de Lisboa é um privilégio também. Mas ver dois jovens a voltar do Brasil, quando todos os Portugueses atravessam o Atlântico, isso sim, merece grande atenção destas linhas.
Com muitas ligações a beleza do Rio de Janeiro, seja pelos estudos, pelas raízes familiares ou pelos amigos deixados para trás, sensibilizo-me pela maneira com que, tal como eu, Miguel Oliveira e João Belmar da Costa, acreditam na minha cidade. Em sentido contrário à fuga que se faz notar nos últimos meses, insistem como eu em permanecer em Lisboa, partilhando a sabedoria de um fruto que fazia parte das suas vidas brasileiras. Com uma visão antropológica do que se poderá vir a tornar esta cidade – que, na minha opinião, sempre foi um local estratégico entre as Américas e a Europa -, é na visão dos contrastes e na adrenalina imprevisível dos dias cariocas que sustentam o sonho de contribuir para um Portugal cheio de energia e de um estilo de vida mais cool e descontraído, abraçado às emoções dos afectos a céu aberto.
Num ano em que nos é pedido mais energia e num mês em que me propus a dar alguns trunfos para atravessarmos o ano de 2012 com o máximo de aliados, seria impensável não promover o Açai e o testemunho dos ‘Meninos do Rio’. Os meninos que trazem Lisboa tatuada no braço e uma vontade de causar arrepios.
abra mais portas em www.lisboanapontadosdedos.blogspot.com
crónica publicada a 19 de Janeiro de 2012 na Vogue
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