I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Taberna Moderna, ‘Porque Lisboa é bonita’

Assim o diz Luis Carballo, um galego que, depois de mais de duas décadas a trabalhar em publicidade, abre uma tasca na Baixa de Lisboa com um imenso amor a Portugal.

Pelas imagens que já correm nas páginas de imprensa, achei que ia encontrar uma taberna branca, mas foi um pensamento redutor: as fotografias que circulam revelam apenas o bar, que promete a Lisboa os mais sofisticados gins da cidade. A Taberna Moderna e o bar Lisbonita (porque ‘Lisboa é bonita’) revela-se por ambientes demarcados na altura e na mistura de cores das cadeiras diferentes da sala. A loiça exibe pratos diferentes dos serviços mais clássicos da Vista Alegre, e Luis Carballho parece acreditar numa força que defendo há anos: a do associativismo. Com um imenso amor a Portugal e morada em Belém, decidiu juntar na cozinha um chef espanhol e um português que criam petiscos galegos, mas também alentejanos e, ainda, de fusão das duas gastronomias.

A especialidade da carta – porque de facto o que provei era especial -, está bem conseguida e nos exemplos Salada de Bacalhau de Caviar de Ouriços do Mar (é deliciosa), Ovos Rotos com uma combinação de bacalhau, chitorra e pimentos verdes (para os mais resistentes), Filetes de Polvo ou Polva à Galega, ou Atum braseado coberto com sementes de sésamo e salada de manga. Eu provei os dois primeiros, mas guardei-me para uma das grandes promessas da carta, um Entrecôte de Boi cortado muito fininho que, segundo as palavras de Luis, desfaz-se como manteiga.

Luis Carballo está longe de imaginar que a minha discreta Leica vai roubando umas imagens que partilho nesta crónica. Passeando pela sala e falando com um sorriso largo com todas as mesas, o serviço está virado para o cliente, mas, mais do que isso, para a partilha humana. Todos os pratos chegaram em travessas porque na Taberna Moderna a missão é partilhar. Por momentos, lembro-me da montra ‘A Partilha’ que ofereci à cidade, sem fins lucrativos, no último Príncipe Real Live: o tema faz-me sentir em casa.

Luis Carballo chega à minha mesa e as perguntas não o incomodam. A lista é a mesma sempre que testemunho um estrangeiro a viver no nosso Portugal. Nas suas respostas, a importância das pessoas, o amor a Portugal, o clima, e o seu amor também por Cascais onde já tem uma casa há anos. ‘Com família em Lisboa achei que Lisboa era a cidade ideal para finalmente abrir o meu projeto, a minha marca’ . Com uma alegria doce e emoção enquanto fala, estamos perante um ser humano que põe tudo o que é naquilo que faz.

Nas sobremesas, atrevo-me por uma partilha da Torta de Santiago e a peregrinação tem muita amêndoa e um leve toque de limão que a faz diferente do esperado. Na hora do café, apresento-me e a eficiência acaba por me surpreender ainda mais. Em apenas um minuto, Luis desaparece e regressa com toda a informação numa pen também com algumas das imagens que misturei nesta crónica. Quando no final peço a conta e digo que vou escrever, Luis mantém-se igual a si mesmo como no primeiro momento, com uma alegria contagiante feliz por eu ter gostado da experiência. O mesmo se sente na equipa com o exemplo da Carla, uma colaboradora portuguesa de cabelos negros e simpatia e beleza acima da média.

No ambiente descontraído e na extensão da Taberna da Rua dos Bacalhoeiros, o nome ‘Lisbonita’ é oferecido ao bar que transpira mais de quarenta referências de Gin, servidas de uma maneira que ainda não tinha visto em Portugal. A originalidade é palavra de ordem e as misturas apresentam-se com água tónica, especiarias, ervas, citrinos, frutas ou flores (dou o exemplo do famoso Hendrick’s trazer o pepino que lhe é devido, mas também pétalas de rosa). Os preços rondam os €20 por jantar, mas ao almoço há um menu especial a €12. Apesar dos preços em conta, não se admire se um dos gin’s custar mais do que o jantar: é que para os amantes desta bebida branca, o Lisbonita é uma experiência surpreendente, assim como escolher, para viver, a nossa Lisboa, não concordam?

crónica publicada a 12 de Abril de 2012 na Vogue

Taberna Moderna
Rua dos Bacalhoeiros, 18 Lisboa
Tel. 21 8865039
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Ter a Sáb e Dom apenas almoço