I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Sushi Café Avenida, Um Sushi fora da box



O novo Sushi Café que abriu na Avenida vale bem a insistência das minhas palavras. Não apenas por ser um dos melhores restaurantes da louvada cozinha asiática de Lisboa, mas também porque é, sem qualquer dúvida, o mais bonito.

A capital precisa, mais do que nunca, de rasgos de criatividade assim e, se na primeira impressão achei que estava em São Paulo, é numa fracção de segundo que agradeço aos irmãos Manuel e Luís Salema o exuberante investimento na minha cidade. A beleza da arquitectura do espaço é culpa do atelier Saraiva & Associados e mesmo que não goste de sushi, a estética de excelência e o ‘Wagyu Carpaccio’, um diamante negro das carnes bovinas, com neve de foie gras e chocolate, merecem a visita.

Com a mesma qualidade de ingredientes que a história da marca Sushi Café me habituou nas Amoreiras, a versão sofisticada da Liberdade fez-me render à inovação de pratos numa carta que se revela ousadamente evoluída. Nesta casa, seja ela nas Amoreiras antes de um cinema, seja em take away em cima de uma mesa de escritório ou num sofá de fim de dia, uma coisa é certa, a consistência da qualidade é constante. Relação preço-qualidade mais que justa e atrevo-me a chamar-lhe um achado. O peixe? Esse vem fresquíssimo todos os dias, como comprovei no Sakamna Kebab, uma espetada de dourada na erva cidreira, células de limão e ghee, ou no Gindara Goma, um bacalhau negro com migas de frade, grelos nimono e areia de sésamo negro. Ambos soberbos. As sobremesas já dão que falar e se há quem acorde a pensar nas tão desejadas texturas do ‘Chocolato’ eu sugiro o Satsumaimo Taroto, uma torta de batata-doce com gelado azuki, requeijão, abóbora e gila.

O maior segredo da casa deve-se à elevadíssima qualidade dos ingredientes, aliados a uma cozinha revolucionária e transcendente nas formas. A experiência de sabores invulgar levam-me a não escolher, por agora, outro sushi em Lisboa. É que nesta nova morada da Barata Salgueiro, que acordou para a vida depois da abertura do D’Oliva e do vizinho Guilty, a fusão com a cidade é o toque de Midas. Com um bar virado para a rua, as portas abertas diluem-se com a calçada portuguesa e os viajantes que passam. É aqui que, por segundos, me emociono, defendendo há anos tudo o que seja distante de uma qualquer estrutura comercial fechada e sem sentido, num país com temperaturas de luxo, oferecidas pelos deuses de mão beijada. Mas uma coisa com graça nunca vem só e o pensamento visionário alonga-se a um bar interior, já conhecido pela ‘barra’ – um lugar à prova de solidão. A maior das inovações da barra é um segredo bem guardado e lanço a provocação de abrir os olhos a uma ideia a ser implementada um destes dias – uma genialidade nunca antes vista na cidade branca.

Enquanto Lisboa nos conquista tão soberbamente, num Verão que promete elevar a cidade àquilo que acredito ser o seu potencial mais grandioso, não se esqueça, passe no Sushi Café da Avenida e deslumbre-se. E se ficar tão rendido como eu, pergunte sobre as originais Sushi Box’s. Em sete versões diferentes (My Box, Lunch Box, Green Box, Meeting Box, Dinner Box, Mistery Box, All In One Box e Dinking Box) elas são a continuidade do bem-fazer sushi em Portugal, ou não estivéssemos nós num privilegiado país atlântico.

crónica publicada a 2 de Junho de 2011 na Vogue

Sushi Café Avenida
Rua Barata Salgueiro, 28 Lisboa
Tel. 211 928 158/914 859 526
www.sushicafe.pt
Seg. a Sáb. 12h30 às 15h30 e 19h30 às 24h, Sex e Sáb até 02h
Menu de degustação Omakase: €35
Menu de degustação Kitsetsu Kaiseki: €95