I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Sobre a marca Lisboa

Nem sempre concordo com tudo o que Pedro Bidarra escreve, mas identifico-me muito com esta sua crónica no Dinheiro Vivo. Quando quis abraçar o páis e não apenas Lisboa, como fazia na Lisboa na ponta dos deddos fi-lo por defender há anos que as melhores marcas de um país são as suas cidades. Niguém diz adoro França, mas sim adoro Paris, ninguém diz eu adoro o Reino UNido, mas sim Londres, ninguém diz eu adoro a Alemanha, mas sim Berlim e por aí em diante. Por isso erguer no topo da minha montanha as bandeiras de Lisboa e Porto, como vendedoras do meu país. Hoje tal como Bidarra, ‘apetece-me falar de uma coisa que gosto, que me orgulha e que, apesar de tudo, funciona: Lisboa’.

Deixo-vos a crónica:

Lisboa é melhor que Portugal

Há mistério no nome de Lisboa que a torna imensamente charmosa ainda antes de a conhecermos, disse-me um francês. O feeling é o mesmo que temos sobre Marraquexe ou Istambul. Cidades cujo nome, história e geografia nos faz viajar por elas antes de lá pormos os pés. Lisboa é assim: imagina-se.

Em conversa com o francês, que com simpatia se apresentou a meio da calçada da Glória por ocasião da inauguração de uns painéis de arte urbana de homenagem aos 120 anos do nascimento do Almada Negreiros, fiquei a saber mais sobre as razões que, além do preço, levam os estrangeiros a comprar casas, prédios e palácios a tripa forra – sobretudo em Alfama, no Chiado e nos bairros que correm pela janela da carreira 28.

O francês, que fala português com aquele maravilhoso e emproado sotaque deles, vivia em Paris mas sente-se mais feliz por aqui. Não que Lisboa seja melhor que Paris, mas ele é mais feliz aqui. Disse-me que por cá, ao contrário de Paris, tem acesso a toda a gente. É fácil encontrar e falar com empresários, com o presidente da câmara, com artistas, jornalistas e escritores. Toda a gente conhece alguém que conhece alguém: o acesso é fácil. Disse-me que não há serviço ou especialista competente, em qualquer área, que não se encontre em Lisboa. Disse-me que Lisboa tem o mar ao pé, todo o tipo de mar: o calmo, o ondulado e o ventoso. Disse-me que Lisboa é enorme: tem a linha, Cascais, Almada, a Costa de Caparica, Bucelas, Sintra. Para ele tudo é Lisboa. Mas o mais importante, e a razão que o fez viver cá, foram os equipamentos. Lisboa é uma cidade bem equipada.

A expectativa que trazia era a do tipicismo, a mesma que temos quando vamos a Marraquexe à procura do exotismo. O mistério, as ruas pequenas, o antigo, o popular e o pobre. A surpresa foi o equipamento de primeiro mundo. Foi isso que o fez querer cá viver: a vasta oferta cultural, os restaurantes de qualidade, o comércio sofisticado, os bons hospitais com bons médicos, o cosmopolitismo, o aeroporto perto. Lisboa apareceu-lhe como o melhor dos dois mundos.

E porque estou eu a falar de Lisboa numa altura em que o ministro das Finanças despachou a paralisação do país para que os tipos com quem vai sentar-se em Dublin leiam nos jornais que Portugal já foi castigado por não fazer o que eles esperavam?

Porque agora que Portugal está perto da bancarrota, fazendo depender a sua reputação da obediência e do agachamento ao credor, apetece-me falar de uma coisa que gosto, que me orgulha e que, apesar de tudo, funciona: Lisboa. Porque Lisboa, apesar dos problemas, tem um governo com um número de pessoas decentes muito acima da média nacional no que à gestão da coisa pública diz respeito.

Lisboa é bem melhor que Portugal. Enquanto marca tem de certeza melhor reputação, poder de atração e charme. O Made in Lisbon de certeza que funciona melhor do que o Made in Portugal. Dá vontade de mudar para um sistema político de cidades-estado. Como na Grécia antiga. Eu seria cidadão da Cidade-Estado Lisboa. Na verdade já só me apresento com lisboeta. Where are you from? I’m from Lisbon.

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