I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Salvador Mendes de Almeida

O grande exemplo de fraternidade, Salvador Mendes de Almeida recebeu-me para uma conversa com um sorriso do tamanho do mundo. Com a mesma luminosidade com que partilha um fim de tarde em Lisboa, é com o seu sorriso contagiante que estende a sua missão humana à Associação Salvador, uma associação que fundou com a missão de promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar a sua qualidade de vida. Salvador tem um sorriso luminoso e uma força contagiante. Faz acções de prevenção rodoviária nas escolas e junta à sua volta legiões de pessoas com e sem limitações.

Como é que te sentes enquanto homem promotor do sentido de vida?
Todos os seres humanos podem e deveriam ser promotores do sentido de vida. Por vezes é importante que algo marcante aconteça, para nos encontrarmos com o rumo mais certo a essa missão.
A coragem foi essencial para construir o Salvador que hoje conhecemos?
Sem dúvida, a coragem é uma energia de vida. Eu fui muitas vezes posto à prova em diversas situações e para lidar com elas tive de procurar essa coragem dentro de mim.
Um ser humano adapta-se a tudo na vida?
Sem dúvida.
Acreditas que és um homem com uma missão importante na tua geração?
Acredito sim e tento no meu dia a dia contribuir para a inclusão das pessoas com deficiências motoras na sociedade.
O que representa para ti a família?
A família é um dos pilares mais importantes da minha vida, essencial aos valores que tenho enquanto ser humano. Não posso imaginar ter ultrapassado todos os desafios sem o apoio da minha família. Para além da segurança ela é também o meu mais importante porto de abrigo.
Quando tiveres filhos quais os três valores mais importantes que gostarias de lhes passar?
Honestidade, paixão pela vida e perseverança.
Relativamente à palavra amizade, sentes-te um privilegiado?
Claro que sim, felizmente tenho excelentes amigos com quem posso sempre contar.
O Salvador tu caminhas, mas de forma diferente… até onde vão os teus sonhos?
Sinto-me um privilegiado por ter tocado tanta gente, mas quando penso num verdadeiro sonho imagino a minha independência motora.
Em que medida é que as tuas metas são o seu maior poder?
É importante ter metas definidas para sabermos a onde queremos chegar.
Que diferenças existem na alma do Salvador antes e depois do dia 2 de Agosto de 1998?
É a passagem de um jovem na flor da juventude a viver as experiencias da vida ao limite, para um homem maduro, atento e sensível ao que o rodeia, mas sem nunca perder a juventude da curiosidade.
Consegues aplicar na tua vida, a exigência pessoal de um atleta?
Para além do meu dia a dia profissional que é bastante exaustivo, é imprescindível fazer trabalhar os músculos, de fisioterapia essencial à minha condição física.
O contacto com a água tem algum impacto na tua vida?
Muito… Dentro de água sinto uma enorme tranquilidade e liberdade de movimentos que actualmente não tenho à superfície.
Também és praticante de mergulho. O que representa o mar para ti?
Desde a minha infância que tive sempre uma grande ligação com o mar. Fiz diversos desportos náuticos e depois do acidente iniciei-me com mais profundidade à prática do mergulho, onde descobri um outro mundo sublime, na beleza das espécies marinhas.
Qual o stu maior segredo de felicidade?
Nunca pensei nisso (risos)… o maior segredo é saber ser feliz com aquilo que somos e com aquilo que temos no momento presente. Muitas vezes estamos à espera que algo aconteça para celebrarmos a felicidade e esquecemo-nos de valorizar as pequenas coisas da vida.
Sentes-te mais peixe no aquário no teu enorme trabalho na Associação, ou no projecto de televisão na RTP1?
Depende da situação em causa, mas nas iniciativas da minha Associação sinto que tenho mais tempo e uma maior proximidade com as pessoas. Realizamos diversos eventos de convívio onde partilhamos experiências, trocamos impressões. Temos ainda um projecto de desporto adaptado que também me é muito querido pois penso que a integração pelo desporto é muito saudável. Através de uma iniciativa anual, a Acção Qualidade de Vida – atribuímos onde atribuimos cadeiras de rodas, computadores, rampas de acesso, etc.
Qual o programa ‘Salvador’ que mais te marcou?
O da Paula Reis ainda na primeira série. Quando ela percebeu que o nome do aeródromo onde ela ia voar tinha o nome do falecido Pai, com quem ela voava em criança foi tão ou mais importante como a própria experiência de voo. Como eu tinha perdido o meu Pai à relativamente pouco tempo senti uma grande cumplicidade nas nossas emoções.
Qual o maior sonho da Associação ainda por concretizar?
Conseguir dar apoio a todos os que nos pedem e conseguir criar acessibilidades em Portugal de forma a que um cidadão com deficiência tenha igualdade de direitos e as mesmas oportunidades dos outros cidadãos.
Qual o maior património de um ser humano?
A sua consciência e os seus sentimentos.
Estar disponível para os outros é importante?
É fundamental estarmos disponíveis para os mais próximos (família e amigos) mas o facto de nos darmos aos outros, mesmo os menos próximos, ajuda-nos a crescer e a enfrentar a vida de uma forma diferente, mais humana.
Qual a maior barreira arquitectónica à mobilidade das pessoas com deficiência nas nossas cidades?
Os passeios não rebaixados, a falta de sensibilidade dos decisores competentes nessa matéria, a falha de fiscalização que é quase inexistente e a falta de sensibilidade dos donos de muitos estabelecimentos.
Como é que o Salvador vê a honra na sua vida?
A honra é estar bem comigo e com tudo aquilo que faço.
A frontalidade é importante?
É essencial enquanto factor de mudança.
O que é que de mais nobre já fez pela vida de alguém?
Dar meios de integração a pessoas com verdadeiras limitações físicas e económicas.
Quando e onde é que se sente um ser humano mais livre?
Junto ao mar.
E quais os seus momentos mais ‘chivalry’?
A partilha ao lado daqueles que amo.