Um dos poetas mais elevados da minha biblioteca Atlântica esteve presente de forma muito especial no Festival de Curtas de Vila do Conde. A estreia do documentário «Ruy Belo, Era uma Vez», produzido pela Zulfilmes com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian aconteceu este Domingo.
O documentário retrata a vida do poeta com depoimentos, conversas, leituras e locais que muito contribuíram para a obra sublime que deixou ao mundo. São João da Ribeira, Paris, ou até Chico Buarque a ler dois poemas, passando ainda por Madrid, onde o poeta foi leitor de português, o filme reúne amigos e testemunhos que revelam o poeta das margens da alegria. Em pulgas para ver o documentário, aqui vos deixo algumas notas.
No teu amor por mim há uma rua que começa
Nem árvores nem casas existiam
antes que tu tivesses palavras
e todo eu fosse um coração para elas
Invento-te e o céu azula-se sobre esta
triste condição de ter de receber
dos choupos onde cantam
os impossíveis pássaros
a nova primavera
Tocam sinos e levantam voo
todos os cuidados
Ó meu amor nem minha mãe
tinha assim um regaço
como este dia tem
E eu chego e sento-me ao lado
da primavera
Ruy Belo, in “Aquele Grande Rio Eufrates”