I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Poison d’Amour, Paris meu amor

No Príncipe Real as árvores são maiores. Nelas penduro todas as visões que espero ainda viver na minha cidade. E talvez por isso sinta neste bairro um potencial maior sempre que me ofereço de mãos abertas, de quando em quando, em montras vivas onde tenho o privilégio de recolher movimentos da cidade.

Na Rua da Escola Politécnica reparei nos últimos meses numa família de montras escondidas por pedaços de jornais recortados. Quem se move pela cidade descobre quase sempre e antes de abrir portas, quem entrega a sua energia à cidade. E, por isso, esperei expectante pela casa de chá que já está a mudar as tardes do Príncipe Real.

A branco e azul celeste a Poison D’Amour convida-nos a um chá na companhia de uma das imagens mais frescas de Maria Antonieta. Há flores campestres, há lustres antigos, há espelhos mágicos e há chávenas cénicas com cores de gelado. E se os brioches marcam a mais inegável presença, a lista de tentações francesas não se fica por aqui. Com um pasteleiro parisiense e uma cozinha com fornos especiais que permitem a grandeza da pastelaria mais delicada do mundo, a sugestão é que regresse muitas vezes, pois a vontade de provar toda a vitrina será impossível a uma única visita. A culpa é dos croissants de amêndoa, das tartelettes de fruta (recomendo a de morangos), dos mil-folhas ou dos macarons feitos no próprio dia.

Com duas salas distintas é à vitrina dos bolos que dou mais uma nota vinte. A juntar-se às montras da Panificação do Chiado e da Quinoa na Rua do Alecrim, a reconfirmação que menos será sempre mais. Aqui, os bolos, os aromas e as cores sobressaem sem nódoas, em contraste do que nunca acontece com as vitrinas tenebrosas de espelho marmoreado a várias cores, que a nossa carismática pastelaria sempre me habituou.

Montras à parte, gosto quando Lisboa me mostra outras cidades do Mundo e se elevo as bicas e os pastéis de Nata da cidade, as árvores deste bairro são altas, há galhos para muitas experiências e há que ser realistas: sabe bem em tempos de crise provar um verdadeiro croissant francês sem ter de abrir as asas até Orly.

Ideal para um pequeno-almoço Parisiense composto de croissant, ‘brioche parisienne’, fiambre ou peito de perú, queijo Emental e manteiga ou um pequeno-almoço Elegance composto de pequenas ‘viennoiseries’ (dois croissants, dois pães com chocolate, um pão de uvas, um brioche), peito de perú fumado, ovos mexidos, pão de sementes de sésamo, pão de sementes de papoila, espetada de frutas da época, doce, mel e manteiga.

Ainda com espaço para refeições leves ao almoço, as sugestões viajam pelas saladas como a Chèvre com tostas de queijo ‘chèvre’ quente, ‘petits lardons’, cocktail de verduras, tomates cerejas, nozes, azeite virgem, a Dela Mer com salmão fumado, camarões, cocktail de verduras, milho, arroz, passas de uva, ananás, vinagrete de mostarda de Dijon ou a Fèrmier com fígados de galinha e moelas cozinhados em vinagre, cocktail de verduras, cenoura ralada, ‘croûtons’, maçã, nozes e figos.

Para os fins de tarde, há pratos de degustação, como o Campagnarde com presunto, charcutaria, tomates cerejas, pão caseiro, pão de sementes de papoila, picles e manteiga, o Fromagère com vários queijos franceses (Camenbert, Chèvre, Roquefort) frutos secos, pão caseiro, pão de nozes, doce e manteiga ou o Bouchée à la Reine com queijo Emmental, arroz, cockail de verduras, cogumelos de Paris, passas de uva e azeite virgem. Para os mais gulosos pode pedir uma Cascata de pequenas ‘pâtisseries’ e ‘viennoiseries’ ou uma variedade de macarons, as princesas da casa.

A cereja no topo do bolo é um jardim ao fundo do salão de chá, que fará as maravilhas dos encontros de fim de tarde. É aqui que as árvores se entendem às caudas da Rainha Lisboa, numa morada onde o Príncipe é sempre real.

crónica publicada a 25 de Agosto de 2011 na Vogue

Poison D’Amour
Rua da Escola Politécnica, 32 Lisboa
www.poisondamour.com (em construção)
Tel. 21 347 6032
Seg a Sáb 8h – 20h