I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Peço ao tempo para nunca me esquecer da tua alegria

Mitó

A notícia congelou-me. Adio os textos que tenho para escrever e consigo sem qualquer culpa adiar as palavras na dúvida de conseguir expressar-me, na duvida de conseguir calar a aflição do momento. O universo leva-te no dia de Natal e deixa-me imóvel. Um cavalo solto, três vidas que se perdem e o teu filho, o teu querido filho agora sozinho e que quer ser chef e te fazia iluminar ainda mais, quando falavas dele. Pode ser assim tão cruel a vida?

Querida Mitó não sei se onde te encontras poderás ler estas palavras. Mas hoje e com os dedos ainda trémulos de não acreditar, não queria deixar de te agradecer a alegria que tinhas e que partilhavas comigo sempre que nos encontrávamos. Não queria deixar de agradecer que quando a imprensa começou a tremer te lembraste de mim. Deste-me a mão e bastou-me sempre essa tua grande capacidade de não achares que ‘ a menina mexida’ não era uma ameaça, mas antes uma mais valia. E  jamais me esquecerei de quando irradiaste luz e alegria na minha montra humana ‘a partilha’. E antes de partires tens a clarividência de nos deixares a todos como tua ultima intervenção para o mundo um video tão sapiente e que imortaliza o teu agradecimento. Quase tão arrepiante como todo o nosso desespero entregue às palavras que todos vamos – sem qualquer ou todo o sentido – deixando no wall do teu facebook.

Vais deixar saudades e peço ao tempo para nunca me esquecer do teu abraço. Peço ao tempo para nunca me esquecer da tua alegria sempre tão humilde e perseverante. A mesma alegria com que te conheci num evento num palácio da cidade e que me deixa a melhor memória, uma das mais frescas que alguma vez conheci nos ‘amigos’ de profissão.

Pela alma que eras e pela maneira como iluminavas o nosso mundo sei que estarás bem e volto a pedir. Peço ao mundo que anjos de asas grandes acompanhem o teu filho, a quem o dia de Natal (e não me conformo) levou o Pai, a Mãe, a irmã. Que a vida o proteja e Obrigada querida Mitó, até um dia ou até sempre.