A história é a de sempre. A pele do lobo tem agora a magia de Lidja Kolovrat e passos ousados com cores fortes da Nike; a nova carta transpira os dourados do Outono; a substância continua como sempre consistente.
Numa narrativa de rigor, paixão e criatividade, Diogo Noronha e Nuno Bergonse abrem o livro de uma das histórias mais importantes da cidade. No Pedro e o Lobo os finais são sempre felizes e há tempo para se contar uma fábula que embala Lisboa com uma morada que me faz não ter saudades do que muitas vezes se passa além fronteiras. Na senda dos detalhes, a simplicidade, a sobriedade mais sofisticada do menos que se torna sempre mais, e que iluminam de excelência uma esquina do Príncipe Real.
Na alegria feminina e fresca da Patrícia Almeida Baptista que abre a portas ao talento da subtileza arquitectónica de Luís Baptista, há um suave sentido de família que se sente na humanidade de quem nos serve.
Nas entradas, há Mil folhas de foie gras, caramelo de pipas de abóbora, puré de okaido, sorbet de clementina e gelatina de vinho branco ou ‘Pântano de cogumelos’, um consommé de cogumelos, cogumelos salteados e confitados, mini-beterrabas assadas e azeite de porcini. Do mar, Lombo de bacalhau, fricassé de legumes, crumble de camarão e piri-piri, laranja sanguínea, ou Salmonete de linha, sabayon de ouriço do mar, grelos salteados e pó de noz. Porque o Outono assim o reclama, nas carnes, Empada de perdiz e legumes, puré de chuchu e pastanaga, couve lombarda e passas em pickle ou Alheira de caça com arroz de marmelos e grelos. Mas há mais. Nas sobremesas, Mousse densa de chocolate, gratin de banana, dacquoise e gelado de avelã, ou Palmier, mousse de pêra rocha e mel royal de turron.
O restaurante, que ocupa uma antiga galeria dos anos trinta e o antigo espaço da Lidja Kolovrat, continua assim a escrever uma biografia sólida. A cidade encanta-se de tudo no resgate merecido dos finais mais felizes. E a história continua. Mas não queremos contar o fim de um dos melhores contos, ou antes, cantos mais deliciosos de Lisboa.
crónica publicada a 3 de Novembro de 2011 na Vogue
Pedro e o Lobo
Rua do Salitre, 169 Lisboa
Tel. 21 193 3719
www.pedroeolobo.pt
facebook aqui
