I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

O Melhor Livro de Chocolate do Mundo, O segredo da textura

Num dia de chuva a sugestão é para gozar a Saída de Emergência dentro de casa, na companhia do novo livro de Carlos Braz Lopes, autor do ‘melhor bolo de chocolate do mundo’.

Com a mesma atitude, o livro – tão poderoso quanto o bolo – nasceu para conquistar os que gostam da simplicidade da partilha e os grandes amantes de chocolate. Tal como o toque de Midas do melhor bolo de chocolate do mundo – que nas minhas e nas palavras do seu criador está na textura – as cento e sessenta páginas do livro escorrem intensidade, e sedução nas imagens captadas por Ana Paula Carvalho.

Ainda com as páginas a cheirar a novo, não vejo a hora de o polvilhar de farinha e dedadas de chocolate numa destas noites mais frias onde a cidade nos fecha deliciosamente em casa. As páginas não têm brilho no tipo de papel mas as imagens e as receitas serão capazes de iluminar as dispensas e cozinhas mais recônditas de tantas e desejáveis receitas que Carlos Braz Lopes partilha, como ‘um miúdo mostra um tesouro’.

Com direito a um grande e permitido pecado calórico, sabe-se que o chocolate também dá direito a vitaminas, sais minerais, serotonina, cafeína e teobromina que aumenta a concentração e a capacidade física. Quando negro dá também flavonóides (poderosos antioxidantes) e reduz o LDL, conhecido como o colesterol mau. A juntar às potentes calorias e aos nutrientes, o livro de Carlos Braz Lopes permite ainda ‘uma viagem por histórias com sabor a chocolate’. Histórias que convidam a Avó, a Hermínia, a Luísa Mexia, a Fátima, a família Mantero, mas também os chefes Luís Baena e Henrique Sá Pessoa.

Histórias simples de um homem despretensioso, que sem ter planeado o seu sucesso, nunca se deixou abanar pela inveja do orgulho que sentiu na sua obra: um bolo de chocolate que nasceu um dia em Campo de Ourique para abraçar o mundo. Hoje com presença em cidades do Brasil, Espanha ou Austrália o futuro passará por cidades como Moscovo, Luanda ou Tierão.

Carlos tem o privilégio de iluminar muitas mesas onde se celebram tantos eventos familiares, mas mais importante do que isso é a sua genuinidade solta e humilde que assume a sua mais pura realidade. Como diz Luís Baiena numa das páginas do livro , ‘o sucesso nunca o envaideceu’. Pioneiro nos cursos de cozinha em Portugal com a Cozinhomania, foi também de Paris que trouxe a textura de um bolo que um dia provou no Fauchon. Pelo dom da criatividade chegou à receita que hoje conhecemos do seu bolo de chocolate, um bolo que oferece uma experiencia de um veludo crocante irresistível.

Na extensão do legado de um nome que ninguém já lhe pode tirar, nasce um livro que escorre receitas muito apetecíveis. Bolos, mousses, bolachas, tortas, tiramisú, chesecake, bavaroise, leit- creme, todos com chocolate. Os meus olhos param com ternura na página quarenta e seis, na partilha da receita de um simples salame de chocolate. Nascida nos anos setenta transporto-me por momentos às minhas festas de anos de menina, onde o salame era o rei das gulseimas e que tanto esticavam a paciência de retirar o papel de prata. Na receita de Salame de chocolate, Carlos Braz Lopes junta-lhe açúcar amarelo, mel e vinho do Porto. Isto promete. Também as imagens viagem no tempo, pela patine de tons antigos. A página noventa e quatro resgata o meu sentimento de posse quando me retenho num Philco, um frigorífico dos anos sessenta num verde azulado lindo.

Há quem diga que o chocolate dá saúde e olhando para a aura de Carlos Braz Lopes diria que sim. São já dez anos a partilhar uma receita de ouro, sem pretensão e com uma imensa atitude. Atitude essa que jamais deveria ser alvo de inveja ou pretensão, mas antes como sabedoria de um português que consegue concretizar os seus sonhos com a mesma leveza, com que se diverte à volta de uma mesa cheia de amigos.

crónica publicada a 1 de Março de 2012 na Vogue

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