I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

O Arco da Rua Augusta vai abrir as portas

Pela altura dos meus anos em Março fui presenteada com a magnânima vista do Arco da Rua Augusta. Pela mão de um amigo que sabia de uma visita programada fomos à boleia e sem saber ao que ia fiquei na altura sem palavras. As imagens ainda não têm a vibração que agora acontece na Ala Nascente, mas já na altura foram um grande presente de anos.

A Ana Henriques do jornal Público (apenas na versão para assinantes, a qual eu transcrevo em baixo) escreveu sobre a abertura das portas à cidade do Arco da Rua Augusta. A notícia é excelente e a obra é delicada, mas a cidade há muito que deveria usufruir deste espaço. Em baixo partilho as imagens da minha expedição, pelas escadas de caracol a um monumento vedado à cidade . A obra demorará um ano mas se nos abrirem a porta a tempo do verão de 2013 valerá bem a espera, não concordam?

‘Arco da Rua Augusta abrirá ao público, ainda que isso implique endividamento’
por Ana Henriques, Público
Câmara foi autorizada pelo Governo a aproveitar potencial turístico do monumento, mas é necessário um cuidadoso restauro para fazer desaparecer as marcas da incúria a que tem estado sujeito. Especialistas dizem que limpeza a jacto de areia deve ser proibida.

A abertura ao público do Arco da Rua Augusta para fins turísticos está garantida, ainda que isso possa implicar a contracção de um empréstimo por parte da Câmara de Lisboa, que conseguiu que o Governo lhe entregasse a exploração do local por 50 anos.

Em causa está a necessidade de reabilitar o monumento, que sofre de várias patologias resultantes de anos a fio de incúria. “O principal problema relaciona-se com a consolidação e limpeza dos rebocos e da pedra, que foi alvo de uma erosão muito forte, principalmente por causa da poluição”, descreve um dos arquitectos encarregues pelo Estado, através da extinta Sociedade Frente Tejo, de desenvolver um plano de conservação e restauro, Alexandre Alves Costa. O projecto inclui a colocação de um elevador numa dependência do Ministério da Justiça pegada ao arco, de forma a que para subir ao salão de abóbodas que alberga a maquinaria do relógio monumental os turistas não tenham de ir pela íngreme escada em caracol que desde sempre foi o único acesso disponível. A ideia era tornar o local acessível a pessoas com mobilidade reduzida, mas o arquitecto do Atelier 15 explica que não é fácil: como as instalações do Ministério da Justiça não atingem a altura da sala do relógio, à saída do elevador ainda será preciso vencer um lance de escadas para lá chegar. E mais degraus em pedra terá de subir para quem quiser desfrutar da magnífica vista do topo do arco. De uma coisa ninguém duvida: do sucesso turístico do arco inaugurado no séc. XIX, que só em ocasiões muito especiais abriu ao público. Nos anos 80 chegou a haver a ideia de instalar aqui um restaurante para os membros do Governo, mas as dificuldades de acesso inviabilizaram a intenção.

O estudo prévio levado a cabo pelo Atelier 15 contempla a possibilidade de o salão do relógio servir de sala de exposições. “O projecto já devia ter avançado há mais tempo”, observa o presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, António Manuel. “O local tem enormes possibilidades e não está a ser aproveitado. Todo o dinheiro que se gaste na reabilitação de um monumento como este é bem empregue.” Quanto será não se sabe. O autarca não tem memória da última vez que o arco foi alvo de uma intervenção de fundo. “Há uns anos chegaram a ser feitos dois orçamentos, mas estão ultrapassados”, refere António Manuel.

Numa conferência de imprensa em que apresentou a resolução de vários impasses entre a autarquia e o Governo, realizada na passada sexta-feira, António Costa distribuiu um documento que poucos detalhes dava desta operação. Apenas se ficava a saber que, durante os 50 anos de vigência do acordo de cedência do arco, de que o Estado não queria inicialmente abrir mão, a autarquia pagará à Direcção-Geral do Património Cultural 30% da receita de bilheteira do monumento e do aluguer de espaços a terceiros. “Salvaguardam as partes a eventual necessidade de o Estado autorizar previamente o município a contrair empréstimo para financiamento das obras de conservação e de reabilitação”, refere a versão integral do memorando publicada na edição online do Expresso que a autarquia não disponibilizou. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter pormenores sobre a reabertura do arco junto da Câmara de Lisboa.

Alexandre Alves Costa explica que a obra é coisa para demorar um ano, dada a delicadeza necessária à intervenção. “Os métodos de limpeza a jacto de areia não serão admitidos”, refere outro estudo feito também para a Frente Tejo por dois especialistas, Sandra Alves e Delgado Rodrigues, para quem a participação de técnicos superiores de conservação e restauro é condição indispensável à intervenção num monumento tão emblemático como este. Mas não tem sido sempre essa a regra. Além de graffiti e excrementos de aves, um levantamento do estado do arco efectuado no âmbito deste trabalho detectou o uso de remendos de cimento na pedra ao longo dos anos “para colmatar feridas, reparar fracturas e regularizar superfícies com erosão mais pronunciada”. De grande porte, as esculturas de lioz que encimam o monumento também estão com problemas, a precisar de reparações nos braços e nas asas.