I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

O consumo do Natal aflige-me mas, se a tradição ainda é o que era, a comprar presentes como um acto de loucura, ao menos que sejam do que é nosso.

Se ainda não fez uma única compra de Natal, não desespere: há uma loja dois em um que, além de lhe resolver o desafio, contribui ainda para a auto-estima de Portugal. Desengane-se quem pensa que A Vida Portuguesa é uma loja saudosista e sacuda o pó dos seus pensamentos vendados. Esta brilhante e bem conseguida ideia de Catarina Portas é o futuro de Portugal.

Por vezes, pensamos que é preciso ir em busca de soluções, quando elas já existem prontas para serem abraçadas e exploradas em nome de uma causa maior: uma vida que é a nossa.

Somos portugueses e, ao que confirmo, somos um país suave, talvez não no associativismo e no sangue na guelra, mas no acolhimento ou nessa palavra tão estranha para nós que é a guerra. Sobreviventes ao tempo, a intenção de inventar e revalorizar a qualidade da produção portuguesa manufacturada e o desejo de revelar Portugal de forma surpreendente. Haverá melhor loja para comprar os seus presentes de Natal de A a Z, ‘para o menino, a menina’? As imagens falarão por si.

Do norte ao sul de Portugal, todos os produtos são de criação e fabricação portuguesa, produtos que atravessaram gerações e nos mostram claramente a importância da existência, a importância da continuidade. Assim como uma ponte que nos liga a algo que já fomos e a tudo o que ainda poderemos ser. E se tudo na Vida Portuguesa relembra o quotidiano de uma época e revelam a alma de um país. ‘Estes produtos são nossos. Estes produtos somos nós’.

Fabricados desde há muito, mantiveram até aos dias de hoje as mesmas embalagens bonitas e originais. ‘Devem a longevidade à sua qualidade, que chega a ser até reconhecida no estrangeiro. ‘Com o tempo, o génio e o labor tornaram-nos perfeitos e essenciais’. São marcas registadas na memória e comercializam uma forma de viver.

Retenho-me nas Medalhas de Amor. Tradicionais do Norte de Portugal, concebidas na aldeia de Travassos, o coração da produção do ouro minhoto português. Corações que pedem um beijo, ou um cometa que oferece um ‘Deus Te Guie’ ou simplesmente ‘Amo-te’. Dizem-me que são boas para quem mora no nosso coração. Assim como o nosso país que mora a turbulência da palavra ‘crise’ e que insiste em não ver que também ela nasceu para nos salvar.

A história que a Humanidade vive agora resgata a nossa continuidade sem grandes dramas e tenta ensinar os poluídos pelo queixume que o desespero e a falta de confiança afastam soluções. Observo, com carinho, a noite do nascimento de Jesus e, da história que atravessa gerações, recolho a sua simplicidade. E se simples também é o exercício de tentar escutar o que a crise nos tenta dizer já há vários anos, é evidente observar que habitamos um planeta de um Universo sagrado. Basta reservar os olhos ao céu estrelado, na noite de Natal.

crónica publicada a 23 de Dezembro de 2011 na Vogue

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