Ao ver ‘O grande mestre’ de Wong Kar Wai questiono-me em quantas mãos cabe a distância que separam duas vidas. Duas vidas distantes, intocadas, mas tão certas no seu reencontro. Quantas vezes olhamos para trás? Nunca acreditei no destino, mas sempre tive fé de que todos os seres humanos têm em algum momento da sua vida, a congelação de uma imagem onde se toca o mais sublime. Seja no encontro, seja na distância de nós mesmos ou mesmo na nossa derrota mais profunda. Longe de ser um ‘Disponível para amar’ ou um ‘2046’ e com Tony Leung Chiu Wai numa sombra do que foi, na grande obra prima de Kar Wai, o filme conseguiu-me arrebatar no diálogo final. As palavras que nunca foram ditas, uma banda sonora grandiosa e uma música improvável na mais elevada cena do filme. Obrigatório.