Não há dia que não passe no cinema Monumental e não me lembre do antigo cinema, onde ia com os meus pais. No Carnaval havia até sessões onde íamos mascarados. Alguém se lembra? Como é que foi possível o ter deitado abaixo para construir a aberração que o substituiu.?
Também o cinema Odéon, que moribundo, se vai degradando de dia para dia a olhos vistos. Símbolos marcantes do século XX, Margarida Acciaiuoli, é autora de um livro importante na memória da nossa Lisboa. “Como é que hoje encaramos com naturalidade não termos cinemas?” É uma das questões colocadas no seu livro ‘Os Cinemas de Lisboa’. Para preservar nem que seja na memória, vale a pena a viagem, a cinemas tão bem compreendidos, hoje entregues ao esquecimento.
‘Tempos houve em que as salas de cinema proliferavam em Lisboa, dos múltiplos cinemas de bairro às salas memoráveis: como o S. Luís, o Chiado-Terrasse, o Tivoli, o Éden e tantos outros. Tempos houve em que ir ao cinema era um ato elegante, que merecia indumentária apropriada, e também um ato social – ia-se para ver e ser visto. As grandes salas de cinema foram desaparecendo da cidade e, hoje, vai-se ao cinema nos centros comerciais, no intervalo de umas compras. A história deste percurso é feita de modo notável, pela autora, numa obra onde o rigor caminha a par das memórias afetuosas que todos temos em relação àquela especial sala de cinema’.