I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Confesso que há uns anos que estou viciada na ideia de mundo e por isso gosto de me sentir estrangeira na minha própria cidade. Palmilhando a calçada portuguesa e as esquinas de Lisboa como se fosse sempre a primeira vez, registo-a por breves instantes como fazia quando habitava em terras da Batávia ou de Helena.

Perante a curiosidade de outros lugares desconhecidos lembro-me sempre da célebre frase de Almada Negreiros, que ao entrar numa livraria e depois de contar os livros presentes apercebia-se que não viveria anos suficientes para metade da livraria. No final verbalizava que deveria haver certamente outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estaria perdido.

Com um gosto especial em conhecer os viajantes da capital, descobri há dias pela mão de um nómada português, o Couch Surfing. Lançado em 2003, nos Estados Unidos da América, por Casey Fenton e com a participação de 450 mil participantes tem o lema: participate in creating a better world, one couch at a time.
 
Muito mais do que um simples sistema de partilha de sofás e de poupança na estadia das viagens, acontece um intercâmbio de culturas e de experiências que nos deixa com certeza mais sábios e humanos. O sistema partilha testemunhos para ser seguro e tem nos participantes pessoas de todas as nacionalidades e feitios. Continuando o lema do projecto: we strive to make a better world by opening our homes, our hearts, and our lives.
No fim de contas há que ter abertura de espírito e ser curioso suficiente para conhecer não apenas os lugares, mas as pessoas, o património mais importante do mundo.
 
coluna publicada a 3 de Março de 2008 no jornal Meia Hora
© fotografia de Subaroo Smiles