Aprovado em 2005, pela vereadora Eduarda Napoleão, ainda na autarquia presidida por Santana Lopes, e com aprovação do IPPAR (IGESPAR desde Março), o imóvel da autoria de Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus (dois arquitectos que muiro admiro), aguarda apenas a aprovação da licença de construção, pela CML. Composto por 7 pisos acima do solo e 5 de estacionamento, com fachadas entre os 19 e os 22 metros, 10.000 metros quadrados em gaveto com apartamentos T0 e T2, o prédio terá lugar entre a Rua Alexandre Herculano, Largo do Rato e Rua do Salitre.
A construção do edifício, promete muita polémica entre defensores do enquadramento histórico e adeptos de soluções arquitectónicas de ruptura. Há quem diga que a primeira impressão marca sempre, e a minha tem a percepção de uma volumetria excessiva, para aquele largo que se tem vindo a tornar numa passagem de veículos poluentes. Os prédios laterais perderão a estrutura e o Chafariz do Rato, do século XVIII, perderá enaltecimento. A construção do edifício obrigará à demolição de imóveis como a centenária Associação Escolar de São Mamede e a Sinagoga de Lisboa ficará ainda mais engasgada.
Olhando para as Avenidas próximas, penso que os exemplos de ruptura deixam muito a desejar e o prédio vizinho da Império nem precisa de comentários. É certo que as cidades tem de crescer, mudar e evoluir. A diferença está em transformarem-se com qualidade e coerência urbanística. Não duvido da qualidade arquitectónica do edifício (gosto mesmo muito do trabalho dos dois arquitectos) , mas será este o lugar certo para o colocar? Na dúvida e para não continuar a descaracterizar a nossa cidade, melhor que fazerem mal, é não fazerem nada.
coluna de opinião publicada a 12 de Novembro de 2007 no jornal Meia Hora