I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Jonet pelos atos, não pelas palavras

Mal vi a avalanche de críticas na quinta de manhã, achei que estavam mais uma vez a atirar areia para os olhos. Meus senhores, concordo que o tom não foi feliz e que a frase ‘não há miséria em Portugal’ foi um tiro ao lado. E sim uma pessoa que vai dar a cara por uma opinião tem de medir o que vai dizer.

O que senti do discurso de Isabel Jonet, é que mesmo com ares de princesa inconsequênte e a pôr-se a jeito para fritarem numa frigideira de azeite quente, teve uma enorme coragem de dizer muitas verdades.

Alguém tem dúvidas de que teremos todos de aprender a viver de outra maneira? Quanto mais adiarmos, mais doloroso será e deixo aqui o meu testemunho de que mais vale uma verdade dura do que uma ilusão apodrecedora.

Que Jonet está melhor no banco Alimentar do que a dar a cara à politica também não tenho dúvidas, mas meus senhores, não foi Jonet a culpada da ‘miséria’ financeira do país.

A mim pareceu-me um episódio inconveniente, como o de um cozinheiro que põe, por engano por falta de concentração, sal a mais na sopa. Em contraponto o deslize lembra-me o delicioso filme Vatel de Roland Joffé. À parte de uma grande vida de entrega à fragilidade da sociedade, não foi Isabel Jonet que viveu em Portugal como se  organizasse uma festa de grande esplendor para inaugurar o seu ‘grand finalle‘ no castelo de Vaux-le-Vicomte.

Não foi Isabel Jonet que no ‘espectáculo’ do governo do nosso país utilizou as mais avançadas técnicas da época, com representações de peças de teatro, entre as quais ‘Les Fâcheux’, em melhor tradução ‘Os Importunos’.

Não foi Isabel Jonet que encomendou o fogo de artifício quando só tinha dinheiro para os fósforos e não foi Isabel Jonet que criou o famoso chantilly, o creme de nata batida, doce e perfumada com baunilha, quando na dispensa só havia leite. E não, Isabel Jonet também não fugiu para ‘Inglaterra’ no final da história.

Por isso meus senhores acusem quem tem de ser acusado e sigam o meu conselho de vida: é sempre nos atos que avalio  os seres humanos. Nunca, mas mesmo nunca pelas palavras.

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