I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Joana Vasconcelos leva “Trafaria da Praia” até à Bienal de Veneza

Já escrevi por aqui que quando conheci a Joana, mostrou-se-me uma mulher de mão cheia. Identifiquei-me com a ousadia de por em pé, muitas vezes, o impensável. E se a primeira impressão marca sempre, a mim marcou-me e bem. Mais do que as críticas ao seu feitio marcante ou à sua obra, retenho-me na maneira ousada com que tem levado o nome de Portugal ao mundo. E já tinha visto muita coisa, mas um cacilheiro da Trafaria abandonado, confesso, rasgou-me um grande sorriso.

O projeto tem como missão analisar a história cruzada de Portugal e Veneza,que durante a Idade Média e o Renascimento,  contribuíram para a redefinição da ‘imago mundi’ e um ‘um imaginário baseado no mar e no comércio marítimo resultante de uma geografia equivalente’.

Na obra Joana Vasconcelos explora três imagens comuns a Lisboa e a Veneza: a água (rio Tejo
e lagoa de Veneza), a navegação e o navio e debruça-se sobre um símbolo de Lisboa, o
cacilheiro, que corresponde ao emblemático vaporetto de Veneza.

Assim nascerá uma obra que é também um pavilhão flutuante, mas há mais. Durante a Bienal o “Trafaria Praia” tanto atraca junto aos Giardini (o mais importante local da Bienal de Veneza), como circula pela lagoa de Veneza, passeando visitantes entre os Giardini e a Punta Della Dogana (rota principal).

O Exterior do “Trafaria Praia” será todo coberto com um painel de azulejos em azul e branco, pintados à mão, que reproduz uma vista contemporânea de Lisboa, da Torre do Bugio à Torre Vasco da Gama. A peça inspira-se num trabalho fundamental da azulejaria nacional, o Grande Panorama de Lisboa, atribuído a Gabriel del Barco e datado de 1700, que mostra Lisboa antes do sismo de 1755, módulo que será realizado na Fábrica Cerâmica Viúva Lamego, uma fábrica bem portuguesa.

No interior,  um ambiente à base de têxteis e elementos luminosos reminiscente de obras típicas como as da série “Valquírias” (desde 2004) ou Contaminação (2008-2010). Esta peça compõe-se de coloridas formas orgânicas feitas à mão em croché e outros tecidos, incluindo feltros de Nisa, que incorporam fiadas de lâmpadas LED. As
estruturas emergem das paredes e do teto, “envolvendo” os visitantes numa atmosfera “uterina”,
tão estranha quanto familiar, que suscita uma experiência tanto intelectual como sensorial.

Na restante parte do convés e no tombadilho do “Trafaria Praia”, Joana Vasconcelos pensou em várias
áreas, desde a receção a uma loja, bem como um palco, onde gostaria de oferecer programação

Estar na Bienal de Veneza é excelente, mas aproveitar a oportunidade para promover também acultura portuguesa é para atirar muitas pétalas. Mais aqui.


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