I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Green Caterpillar, Receber de mãos abertas

Lisboa incendiava-se a temperaturas elevadas. Raras na brisa atlântica.

Havia a luz doce da Iris Lourenzo, o talento do chef Vitor Claro e um espaço emprestado no Lx Factory para realizar mais um jantar supperclub. Dez pessoas à mesa e uma pequena grande família de quatro pessoas que faz acontecer os encontros Green Caterpillar. A ideia é mesmo essa: conversar e fazer da mesa uma morada de tertúlia e partilha. E o nome? O nome veio de uma história de um livro de crianças, ao qual Iris estende o seu ar doce como quem ainda não chega aos galhos das árvores mais altas.

Com edições anteriores em casa da Iris, o espaço escolhido para este jantar foi uma opção que pretendia ir também à procura de boa energia no exterior, já que o mesmo recebe todos os dias a doçura de Sofia Landeau – exímia na arte de trabalhar o chocolate. Neste espaço, sai um dos melhores, senão o melhor bolo de chocolate de Lisboa. Contudo, esta noite, havia direito a um menu mais do que completo para a morada tão sagrada que é uma mesa de jantar.

Com uma entrega rara, a delicada generosidade da Iris e a paixão do chef Vitor – que já passou por sítios como a Malhadinha ou o Hotel Albatroz – abraçam os desejos dos viajantes da cidade que procuram experiências diferentes, mais intimistas, e onde se homenageia a partilha entre os seres humanos. Assim acontecem jantares extraordinários onde se largam gargalhadas e se absorve a frescura mais alegre e bem passada de uma quente noite de verão.

Cookies de Parmesão com molho de coco; Arancini de Roquefort com Agrião; Ceviche de carapau com pepino; Caldo ácido-picante; Muffin de milho com guacamole; Melão com presunto; Caldo verde com naan de farinheira; e a finalizar, uma ‘Salada bonita’. Tudo regado com vinhos escolhidos a dedo que mudavam a cada prato. Para a sobremesa – e nem o calor abrandou o desejo – o famoso Bolo de chocolate Landeau e CocoCookies, a acompanhar o soberbo Moscatel.

No fim da noite, com o mimo do pequeno-almoço para o dia seguinte – um breakfast treat onde se destacam duas variedades de pão deliciosas – e a sensação de que partimos maiores. Pela entrega ao desconhecido, pela confiança num jantar que não escolhemos, mas que nos vai surpreendendo a cada momento. Com o amor de quem gosta de receber de mãos abertas, o privilégio de quem, com uma ideia de mundo maior, arrisca num dos mais surpreendentes jantares da cidade de Lisboa.

crónica publicada a 30 de Junho de 2011 na Vogue

Green Caterpillar
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