Uma paisagem muito ao longe. Quando se regressa, continuamos a vê-la no escuro. Fechamos os olhos, sentimo-nos vivos, na sucessão dos séculos, falamos de súbito, daquilo que nos assusta, um segredo demasiado intenso, o malogro dos códigos, qualquer ideia extrema, que destrói o mundo e não queríamos. Mas estamos tão pouco onde estamos. Com este poema de José Tolentino Mendonça escrevo o último descobrir de 2007. A velocidade com que vivemos deixa-nos por vezes incertos da grandeza que nos torna maiores e em constante crescimento. Nestes dias, onde me envolvo com uma outra luz especial ofereço momentos simplesmente para “estar”. Com a companhia da nossa alma ou de mão dada aos que mais gostamos, por estas linhas desejo tempo de verdade, numa viagem que de uma maneira ou de outra nos leva sempre a tocar aquilo que chamamos de céu.
crónica publicada a 21 de Dezembro de 2007 no jornal Meia Hora