Depois de perdermos salas como o Quarteto e o King e enquanto não me conformo com o abandonado Odéon (do outro lado da rua), chega-me a notícia de que no coração da cidade, no antigo e pornográfico Cinema Paraíso vais nascer em 2014 pelo empenho da Midas Filmes, uma nova sala de cinema.
O (re)nascimento do Cinema Ideal não poderia deixar-me mais feliz, e embora tenha pena pelo Quarteto ou pelo recentemente fechado King, a verdade é que ambas as salas estavam tétricas e não souberam (ou puderam) reinventar-se. Por isso já me vejo a respirar o Cinema Ideal como um grande balão de oxigénio para a minha cidade e todos os fieis e sequiosos de uma sala que elogie o cinema como ele merece.
Obrigada Midas Filmes :-).
“Na Rua do Loreto, entre a Baixa/Chiado e o Bairro Alto e a Bica, existe ainda hoje uma sala de cinema que é a mais antiga sala de cinema de Lisboa e uma das mais antigas do mundo. Começou por ser Salão Ideal, depois Cinema Ideal, Cine Camões e Paraíso e é o único cinema que sobreviveu à catástrofe que se abateu sobre o centro da cidade e que lhe levou todos os cinemas.Graças ao empenho da Casa da Imprensa, proprietária do edifício, e ao projecto concebido pela Midas, a partir da Primavera do próximo ano vai voltar a existir como Cinema Ideal, depois de uma remodelação e renovação profundas, com um projecto do arquitecto José Neves e o melhor equipamento de imagem e som.
E vai ser devolvido à cidade, ao bairro, ao cinema português e ao cinema independente. E funcionar com um segundo espaço, de convívio e animação – o Salão Ideal -, por onde se prolongará a Cafetaria e Livraria (livros, DVDs, CDs), Biblioteca e DVDteca de cinema.Vai ser um cinema virado para a cidade e a comunidade, continuando a ser um cinema de bairro e para o bairro, os seus habitantes, as suas escolas, a sua vida. Vai ser um cinema para o cinema português – para os cineastas e os produtores portugueses -, para os filmes europeus e de todos os continentes, para os festivais de cinema e as associações culturais.
Vai ser um cinema aberto o dia todo, com sessões do meio-dia à meia-noite, e com uma actividade permanente de animação e debate e vida, programado por uma Associação Cultural.Sendo o cinema português uma das suas prioridades, a programação do Cinema Ideal irá contar no seu primeiro ano com uma série de estreias, e nomeadamente, e assinalando os 50 anos do Cinema Novo português, a de “Se Eu Fosse Ladrão… Roubava” de Paulo Rocha, acompanhado da reposição das versões digitais restauradas de “Os Verdes Anos” e “Mudar de Vida”, e do seu companheiro de geração Fernando Lopes, que em 1964 estreou “Belarmino”.”