I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Casa de Pasto, Diogo Noronha e um elogio à história da cidade

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Descubro o primeiro andar ainda antes do Natal e muito perto da rua mais cor-de-rosa da cidade, abro a porta. A primeira sensação é de viagem do tempo. As cores da primeira impressão são sabiamente vintages. As escadas chamam-nos ao primeiro andar e é com enorme entusiasmo que sinto o conforto e o acolhimento. A patine, as cores, os objetos, mas sobretudo a luz. A luz que nos leva a um ambiente do século XIX ou inícios do XX, com grandes movimentos nos restaurantes de Lisboa.

A escola do chef Diogo Noronha, que outrora contava a história do restaurante Pedro e o Lobo, no Príncipe Real, é a da alta gastronomia e embora a Casa de Pasto tenha um nome que respira simplicidade, este primeiro andar da Rua de São Paulo é um elogio ao revivalismo e um rasgo na oferta de Lisboa: a forma é pioneira.

Não tenho dúvidas de que esta será uma casa de jantar onde nos sentiremos sempre bem, até sozinhos, ou na companhia de um livro, esse grande amigo silencioso. Mas hoje, comigo, um ilustre viajante do mundo e na ousadia da sorte sentamo-nos numa das melhores mesas da sala, colada a uma janela vestida de rendas. As paredes são de chita e há loiceiros com muitas peças que me lembram os meus tempos de menina, sempre que acompanhava o meu Pai na compra dos livros das casas da cidade.

A carta respira muitos petiscos, que nomeados por “acepipes e pitéus” convida à nobreza da partilha. Mas assim por momentos congelo o tempo. “Está-se tão bem aqui, com esta luz”. Sinto-me dentro de uma página de um livro, ou dentro de uma caixa de fotografias antigas. E se o revivalismo transporta-nos às memórias e às palavras, da cozinha chega-me um aroma inegável. O forno é de lenha e há brasas quentinhas para reinventar as técnicas criativas a que o chef sempre nos habituou.

A orquestra inicia-se com uma Manteiga de braseiro, aveludada no caramelizado de um caldo dos legumes biológicos que Diogo Noronha tanto gosta. Migas de Ostra e Omelete de Mexilhão nas entradas e uma Perdiz Estufada à Portuguesa. Tudo como devemos esperar nas boas refeições das salas de jantar ilustres, mas é nas sobremesas filosóficas que me perco. A tarte de Avelã é aplaudida com um dos meus maiores camiões de pétalas.

Na cozinha continua a correr muita criatividade nas veias do autor. Mas identifico a evolução e congratulo as brasas e o forno a carvão que com técnicas reinventadas elogia os sabores mais tradicionais. Com a história desta casa abre-se um livro e depois deste primeiro capítulo há promessa de hortas e conventos. E há o sentir as mãos na terra como a mesma nobreza que os poderosos silêncios do chef  nos fazem flutuar no Corpo Santo.

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Casa de Pasto
Rua de São Paulo, 20 – 1º Lisboa
Tel. 213 471 397
Seg a Sáb do 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 2h00
www.casadepasto.com
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