I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Canalha

Chef João Rodrigues praises Lisbon's DNA

Video here

Aproveito para pedir desculpa aos meus leitores, porque visitei este aclamado restaurante mal abriu, mas a concorrência para marcação é tanta, que achei que todos ganharíamos com o compasso tardio da minha partilha.

O novo restaurante do Chef João Rodrigues tem nome de Canalha, mas antes de viajarmos pelo significado desta deliciosa palavra do vernáculo português, esta nova morada da Junqueira podia ser uma ode ao ADN da nossa querida Lisboa. E escrevo isto porque os restaurantes de bairro vão desaparecendo nestes últimos anos de turismo arrebatador. E como lamparinas de identificação para entender a génese e história das cidades portuguesas, o Canalha surge como uma inspiradora lufada de brisa Atlântica.

Nem nos atrevamos a chamar de tasca ou casa de pasto, já que a nova morada de João Rodrigues  é um despretensioso e inspirador restaurante de bairro, onde temos direito a ícones simples e memoráveis como o tacho, o forno e a grelha. E confesso, sou suspeita sobre o restaurante mais concorrido da cidade, porque fica nas minhas imediações.

Mas passemos ao movimento, se em tempos conheci o João Rodrigues ‘enclausurado’ com o seu talento na cozinha do estrelado Feitoria, agora o Chef habita o espaço com cara de miúdo em manhã de Natal, já que esta casa de jantar da Junqueira, concorrida como não tenho memória, mais parece um clube de habituais com o seu rei a deambular entre os pratos e mesas.

Depois de correr o país todo com os seus dois lindíssimos projectos, o Matéria e o Residência, em busca de pequenos produtores, eis que surge o Canalha, uma homenagem à avó que, “quando lhe perguntavam pelos netos, respondia: a canalha anda por aí a brincar, já que no Norte, de onde sou natural, e canalha é um termo usado para referir os miúdos, sem ser depreciativo”.

Pessoalmente não estranhei o nome porque também o meu Pai, homem dos livros e palavras invulgares, na sua condição de alfarrabista usava sempre esta expressão em jeito de graça, nos tempos em que a minha geração ainda brincava na rua. E o legado que João Rodrigues quer resgatar, vem destas antigas memórias, tempos esses deliciosos, em que o ‘mundo’ mal sabia da nossa existência.

Pelos sabores esta é uma morada para ir muitas vezes, De Pastéis de Bacalhau a um Raspado de Presa de Vaca Simental Alex Castani, há Molejas de Borrego Alentejano, Alho Francês Assado, com Pinhões e Vinagrete de Mel e Limão ou uma Tortilha Aberta de Camarão e Cebola. Pessoalmente, adorei o Arroz Frito de Mar e Montanha e a Lula de Toneira Grelhada e Manteiga de Ovelha, mas sugiro também o Carabineiro Salteado com Ovo Frito e Batata Laura Raul Reis.

E porque é português temos todos direto ao Bitoque de Lombo pois claro. Ao almoço, contem com especiais do dia. As carnes, peixes e mariscos estão num quadro escrito à mão, e são servidos cozidos, grelhados ou salteados, sendo o preço definido por quilo. A acompanhar, uma carta de vinhos com curadoria de Daniel Rocha e Silva.

Nas doçarias há Fruta da Estação, Leite Creme, uma Mousse de Chocolate com Pó de Café e o famoso e nacional Pudim Flan. Isto até me emociona porque perdi a conta que em restaurantes de bairro, o meu Pai pedia sempre “o pudim na toca”, que é como quem diz, ainda na forminha para não espalhar o caramelo. Se ainda apanhar a época, o meu eleito é o surpreendente Marmelo Assado e Gelado de Nata, ‘único’, como só o Chef sabe.

João Rodrigues vai receber-nos a todos por uns tempos, até o tão esperado e proximo restaurante Monda, na Lourinhã abrir os panos abraçado a um pequeno projecto turístico. Ao seu lado, Lívia Orofino, do Rio de Janeiro, com algumas raízes italianas e com passagem pela faculdade de gastronomia francesa do chef Alan Ducasse, no elevado restaurante brasileiro Lasai, e de quatro anos na equipa do Chef do Feitoria, assegurará o futuro da casa.

Eu por mim falo, estou encantada. Tenho carinho especial ao Chef João Rodrigues, pelo elogio que sempre deu aos pequenos produtores, e agora por resgatar a alma do que sempre existiu, ganhando com o restaurante Canalha, um rasgo de esperança e espero que de tendência, para não deixar morrer as singulares características da Lisboa que tanto tenho defendido.

As imagens e o video no início deste texto continuarão a ‘escrever’ por mim, mas a ideia do Chef era que esta morada fosse um espaço descontraído, cheio de gentes do bairro e viajantes da cidade. E se era muito esperada, o restaurante é senão mais do que um restaurante de produto, onde nenhum ingrediente é disfarçado, e é por isso uma cozinha directa que nos trata por tu. No que os olhos vêm, mas também nas emoções que nos provoca. Estamos em Lisboa, minhas Senhoras e meus Senhores, a Lisboa mais bonita de todas que na nossa mais nobre memórias ainda é dos lisboetas.

I’d like to take this opportunity to apologise to my readers because I visited this acclaimed restaurant as soon as it opened, but there’s so much competition for bookings that I thought we’d all gain from my late sharing.

Chef João Rodrigues’ new restaurant is called Canalha, but before we travel through the meaning of this delicious word in the Portuguese vernacular, this new address in Junqueira neighbourhood could be an ode to the DNA of our beloved Lisbon. And I’m writing this because neighbourhood restaurants have been disappearing in recent years as a result of overwhelming tourism. And as identification lamps for understanding the genesis and history of Portuguese cities, Canalha is an inspiring Atlantic breeze.

We don’t even dare to call it a tasca or a ‘casa de pasto’, since João Rodrigues’ new address is an unpretentious and inspiring neighbourhood restaurant, where we are entitled to simple and memorable icons such as the pan, the oven and the grill. And I confess, I’m suspicious about the city’s most popular restaurant because it’s in my neighbourhood.

But let’s move on, if I once knew João Rodrigues ‘cloistered’ with his talent in the kitchen of the starred Feitoria, now the Chef inhabits the space with a kid’s face on Christmas morning, since this Junqueira dining room, as busy as I can remember, is more like a regulars’ club with its king wandering among the plates and tables.

After travelling all over the country with his two beautiful projects, Matéria and Residência, in search of small producers, here comes Canalha, a tribute to his grandmother who, “when asked about her grandchildren, would reply: the scoundrel is out there playing, since in the North, where I come from, scoundrel is a term used to refer to kids, without being derogatory”.

Personally, I wasn’t surprised by the name because my father, a man of books and unusual words, always used this expression as a joke when my generation was still playing in the street. And the legacy that João Rodrigues wants to revive comes from these old memories, delicious times when the ‘world’ hardly knew we existed.

In terms of flavours, this is an address you’ll want to visit again and again. From Codfish Pasties to Alex Castani’s Shaved Simmental Beef Tusk, there’s Alentejo Lamb Molejas, Roast Leek with Pine Nuts and Honey and Lemon Vinaigrette or an Open Shrimp and Onion Tortilla. Personally, I loved the Sea and Mountain Fried Rice and the Grilled Toneira Squid with Sheep Butter, but I’d also suggest the Sautéed Carabineros with Fried Egg and Laura Raul Reis Potatoes.

And because it’s Portuguese, we’re all entitled to Bitoque de Lombo, of course. For lunch, there are specials of the day. The meat, fish and seafood are on a handwritten board and are served boiled, grilled or sautéed, with the price set per kilo. Accompanying this is a wine list curated by Daniel Rocha e Silva.

There are seasonal fruits, Leite Creme, a Chocolate Mousse with Coffee Powder and the famous national Pudding Flan. This makes me emotional because I’ve lost count of the fact that in neighbourhood restaurants, my father always asked for “the pudding in the hole”, which is how we say, still in the mould so as not to spread the caramel. If it’s still in season, my favourite is the surprisingly ‘unique’ Roast Quince and Cream Ice Cream, as only the Chef, knows how.

João Rodrigues will be hosting us all for a while, until the long-awaited and forthcoming Monda restaurant in Lourinhã opens its doors in the midst of a small tourism project. At his side, Lívia Orofino, from Rio de Janeiro, with some Italian roots and a stint at chef Alan Ducasse’s French gastronomy school, at the top Brazilian restaurant Lasai, and four years on the Feitoria chef’s team, will ensure the future of the house.

The images and video at the beginning of this text will continue to ‘write’ for me, but the Chef’s idea was for this address to be a relaxed space, full of people from the neighbourhood and city travellers. And if it was long-awaited, the restaurant is nothing more than a product restaurant, where no ingredient is disguised, and is therefore a direct kitchen that calls us by name. In what the eyes see, but also in the emotions it provokes. This is Lisbon, ladies and gentlemen, the most beautiful Lisbon of all, in our noblest memories, still belongs to the people who knows the genuine Lisbon soul.


© Sancha.Co Creative Lab

O que adorei
Sentir que Lisboa que conheci e tanto me inspirava
A melhorar
Baixar a luz ao jantar (entretanto concretizado)
A reservar
A mesa N.6, em frente à mesa trabalho do chef

What I loved
Feeling that Lisbon that I knew and was so inspired by
To be improved
Dimming the lights at dinner (live already)
To book
Table N.6, in front of the chef’s work table

 

Canalha
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