Portugal é muito mais Mar do que Terra. Talvez por isso me sinta tão bem envolvida na imensidão da Atlanticidade. Quem me segue há alguns anos, sabe que tenho uma paixão enorme pelos Açores e se já não sobrevivo à época estival sem ir a banhos no arquipélago que me tira o fôlego, hoje o desafio é conseguir encontrar um pedaço de ilha que seja nosso. Apenas nosso.
Sempre atenta ao crescimento da ilha de São Miguel – muito especial para mim, pois foi onde aprendi a mergulhar com garrafa – confesso que nunca imaginei ter de esperar para me sentar, no restaurante da Caloura para comer lapas depois do habitual mergulho no porto. Olho para o céu e peço aos deuses que esta ilha não se estrague, nem se entregue ao turismo de massas em avalanche, roubando ao Mundo uma das moradas que considero das mais bonitas e sagradas da Terra. Seja pela natureza tão sublime, seja pela gente singular, seja pela mística das quatro estações num só dia, ou simplesmente pela sensação de que pertencemos a um lugar sem sabermos bem porquê.
Quis o destino emprestar-me uma casa para sonhar numa semana, o que imaginamos um ano inteiro. Conheço bem os Açores e se já é difícil a ilha surpreender-me, este refúgio escondido bem longe de tudo o que é turístico trouxe-me de volta a paz e aquela imensidão interior, enquanto observamos inundados de gratidão a linha do horizonte.
Não, nunca tinha ido ao Nordeste. A distância apenas me tinha levado até a Povoação, logo depois das Furnas. E se já me parecia atrás do Sol posto, a minha ideia foi reforçada pelas palavras de alguns amigos “mas isso é fora de tudo”, diziam. “É mesmo isso mesmo” pensei, com sorriso um malandro de quem sabe onde o irmão mais velho escondeu os chocolates.
Com uma situação privilegiada na lindíssima Fajã do Araújo, a envolvente é um cenário intocado, longe de tudo o que possam ter visto nos Açores. O caminho é uma fita de cinema idílica, daquelas que nos transporta a uma outra dimensão “isto existe?”. Este lugar guarda a beleza de uma morada pouco visitada, que digna de uma sinfonia antiga composta sobre o mar, respira intocada para previlégio que quem ama tanto os Açores.
A descida da fajã é íngreme – convém alugar um carro pequeno, por isso o Volkswagen Polo foi um grande cúmplice nesta aventura – e até chegarmos à casa, acende-se a percepção de que estamos no fim do Mundo. Só se ouvem os pássaros, o mar e não, felizmente não há rede no telemóvel, para bem da nossa alma.
O aglomerado revela casas simples – muitas delas hoje na mãos de belgas – de portas coloridas e que acompanham o caminho que apenas se pode fazer a pé. A Casa da Fajã, sela um ultimato de fim de linha, uma casa que é uma perdição, na sua morada mas também no seu tamanho, que sendo de um tamanho de bonecas, abre os panos com uma varanda inspiradora e viciante, onde o tempo não tem lugar.
No embalo das ondas, no voo dos cagarros, sentimos à distância o chamamento de um farol. Do Farol do Arnel a pouco minutos, mas provavelmente do nosso farol interior. O tal que perdemos tantas vezes na velocidade dos dias, mas que nesta varanda não tem como não se reacender, iluminando tudo o que fica muitas vezes esquecido. Tudo o que tantas vezes se esconde, mas que aqui, na beleza da Casa da Fajã, não tem como, não se abrir de novo.
Para alugar a Casa da Fajã, ligue 966 091 986. este post teve o apoio da Volkswagen e da TAP Air Portugal
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