I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Cais da Pedra e as margens da alma de Henrique Sá Pessoa

Conheci o Henrique numa entrevista era ele ainda chef do restaurante do Sheraton e no seu modo sempre linear partilhou-me a sua experiência internacional. Por isso quando cheguei ao Cais da Pedra, sorri por dentro ao ver que passados estes anos, este nome da nossa gastronomia não deixou de ir implementando os seus sonhos.

Muito antes da cidade se invadir com hamburguerias, já Henrique tinha no caderno esta ideia. E se outras abriram antes, uma coisa é certa, nenhuma me rasgou um sorriso como esta. Não apenas pela alegria de ver as pessoas que me são queridas a crescer e a lutar pelos seus sonhos, mas por mais um espaço novo e muitíssimo bem implementado na minha cidade.

A primeira sensação que tive foi de que o Cais da Pedra poderia estar em Nova Iorque, mas felizmente está em Lisboa e numa das lindíssimas margens do meu Tejo. Com a sala cheia e a equipa do Henrique a circular pela sala em movimentos a branco e negro, fiquei impressionava com o corrupio  Da sala conseguimos ver tudo o que se passa na cozinha por isso fui dizer olá ao chef enquanto virava os já famosos hambúrgueres  A equipa foi escolhida a dedo, já que a simpatia abunda por estas bandas e se ainda se oleiam os carris das carruagens – por ter aberto há tão pouco tempo –  não deixa por isso de ser já, mais um exemplo de excelência na nossa cidade.


Ao balcão chegam diferentes hambúrgueres com aspecto delicioso, acompanhadas das batatas fritas da casa. As mesas de madeira e mármore com guardanapos aos quadrados azuis recebem os lisboetas que quiseram vir almoçar nas margens do rio. O dia está lindo e a esplanada está cheia. Sento-me numa mesa à janela e observo as pessoas à minha volta. Pessoas bonitas, com sede de sol, com sede de viver e que aparentam dar muito valor a sentirem mundo na nossa cidade. E é essa a maior sensação, a que poderíamos estar em qualquer cidade, mas estamos numa das mais bonitas do mundo.

Há grupos de trabalho, casais de namorados, amigos que se juntam. Mas há uma imagem que retenho. Uma mulher bonita e sexy com um hambúrguer na mão. O postal é bonito e na simplicidade com que Henrique lança os seus projetos,  este define bem o que vai fazendo pela nossa cidade. Vale sempre a pena arregaçarmos as mangas.

Há mesa chega-me o chá da casa e o couvert. O pão vem quentinho, com azeitonas e azeite e ainda uns croquetes de novilho de comer e chorar por mais. 100% carne e acabados de fritar desfazem-se na boca como veludo. O chá foi dos melhores que bebi em Lisboa. Com laranja, gengibre, hortelã, earl grey e a sua sempre tão célebre erva príncipe, é mais um achado na minha cidade.

Dos hambúrgueres escolho o de salmão em pão de alfarroba, com cebola roxa, salada, tomate e molho de iogurte grego e cebolinho(€10,90) com batata doce, alecrim e mel (€2,50). Estava tudo delicioso, mas não deixo de observar as outras mesas. Apetece provar tudo. Na sobremesa a orquestra toca ainda mais alto, na prova de um Arroz doce com maça aromatizada em moscatel (€4), muito cremoso, foi o melhor arroz doce que alguma vez comi na vida já que não sou grande fã deste doce nacional, mas arrisquei na versão do Henrique e fiquei imensamente surpreendida.

Com o café tive o privilégio de conversar com o chef enquanto almoçava a sua salada, outra experiência a experimentar no Cais da Pedra. Confirmo tudo o que me vai contanto enquanto partilha com serenidade como nasceu o projeto. Pode não ter sido a primeira hamburgueria da cidade, mas é sem dúvida a mais bonita e mais bem posicionada e tem de pormenores na carta de cair para a banda e ainda por cima a preços bastante acessíveis.

Agora que o Sol decidiu dar o ar da sua graça, este será com certeza um dos sítios a comer à mão, com tudo a que temos direito. Equipa muito simpática e receitas elevadas, mas sobretudo babarmo-nos a comer um hambúrguer sem nunca perder a elegância. Afinal os projetos do Henrique fazem-nos sentir a cidade de alma aberta, e no Cais da Pedra, não há lugar para desconjuntar qualquer compostura mais feminina. É que esta é uma morada onde é suposto sentir a liberdade de comer como quisermos. À mão ou com talheres, o que é importante é sermos genuínos e fiéis aos nossos sonhos. Sejam eles comer um delicioso hambúrguer à beira rio, seja ele abrir mais um restaurante que aumenta em muito a marca da nossa cidade.

E por isso aqui deixo o meu obrigada ao chef Henrique Sá Pessoa, por fazer do seu percurso um caminho que se vai construindo, sempre a ouvir a cidade e a valorizar muito o nosso potencial enquanto capital do mundo.

Cais da Pedra
Avenida Infante Dom Henrique
Cais da Pedra, Armazém B – 9 Lisboa
Tel. 218 871 651
Seg a Qua das 12h às 00h, Qui a Sex e véspera de feriados das 12h às 02h
Sáb das 12h às 02h e Dom das 10h às 00h
www.caisdapedra.pt
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