Há dois anos vi partir Maria José Nogueira Pinto e a mesma doença levou também António Borges. Quem me acompanha mais de perto sabe como esta doença me é indesejada. Na sua vil e impiedosa maneira de amedrontar famílias inteiras, vi partir um homem que aprendi a admirar nos ‘meus’ tempos de Insead, um português que se movia sempre abraçado a um enorme sentido de excelência, um homem visionário que na sua alegria conseguia dançar – como o testemunhei no casamento de um dos seus filhos – como se dança também com a vida sob passos sábios. Um homem acima da média, um homem que acreditava fortemente nas suas convicções sem medo de as partilhar com o mundo, mas acima de tudo, sem medo de as partilhar com Portugal.
Um grande amigo cronista relembrava-me há dias que uma passagem da Bíblia escreve que Deus vomita os mornos. Há portugueses que não deviam partir tão cedo, e António Borges, que de morno nada tinha, junta-se numa das minhas prateleiras mais elevadas, a Maria José Nogueira Pinto, que também por cá faz muita falta. Aqui lhe deixo a minha homenagem.