I wander around the city and its escapes, discovering the experiences that are worthwhile in a world full of noise.
As a curator of the best of Portugal and sometimes as a World traveller, with more than twenty years of articles published, in the national and international press, and also as an TV Show. author, this is my digital magazine, where I present my curated collection of exquisite life experiences.

Sancha Trindade

Altano, a natureza em equilíbrio e um vinho em alto voo

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Basta entrar na morada virtual do Altano para termos a percepção do grande respeito à palavra equilíbrio. Nunca me esqueço de que não é a natureza que nos pertence, mas somos nós que pertencemos à grande Mãe e essa certeza é um lema de vida inquestionável, quando visitamos estas vinhas do Douro elevado.

Na minha visita à Quinta do Ataíde, o vinho que inundou o meu Verão passado ganhou ainda mais luz. Gosto sempre de conhecer a história por trás das experiências e se o Altano invadiu os meus últimos meses, como uma brisa fresca que se entranha na pele e já não me abandona senti-me convocada a partilhar-vos a grande experiencia do Altano.

Sempre com o privilégio de conhecer mais um membro da família Symington, desta vez o homem dos números que tão bem faz acontecer uma marca nacional que apenas se move com capitais próprios e com um sentido de família capaz de fazer inveja a tanta criança abandonada no mundo. Rupert Symington não aparenta ter um sorriso fácil, mas o tempo e a sinceridade das palavras deixam fluir um homem encantador, que mesmo por trás de grandes contas e folhas de excel se entrega a conversas fluídas e a uma descontração de quem com sinceridade, se delicia em segredo, com todo o cenário de um almoço-piquenique despretensioso.

À volta da mesa de pedra reúnem-se os humanos a saborear um grande azeite e a desembrulhar o jornal que não deixa arrefecer o arroz quentinho feito com amor, por uma cozinheira da terra, mas Chili guarda o espaço com as suas quatro patas e um discurso que desconhece a palavra abandono. De facto a vida é sempre mais elevada quando nos sentimos em comunhão com o mundo. E se a Symington respira tudo isso nos eventos que vou tendo a alegria de experiênciar, é na homenagem à natureza que hoje foco estas linhas.

Embora inserido na Região Demarcada do Douro, designadamente na sub-região do Douro Superior, o vale da Vilariça, onde respira a Quinta do Ataíde, reúne um conjunto de características muito próprias que propiciam condições ideais para a viticultura biológica, conseguindo assim vinhos biologicamente elevados. “A orografia plana possibilita grandes extensões de vinha com exposição uniforme à luz solar e as consequentes maturações homogéneas conseguem assim a captação e retenção uniforme da água da chuva por todo o vinhedo”.

“Ainda o clima vincadamente ‘continental’, os Invernos muito frios, mas secos e Verões bastante quentes mas também muito secos, e a humidade relativa mais reduzida por isso menor incidência de doenças na vinha. O solo profundo com pH pouco ácido, principalmente constituído por xisto, embora aqui menos pedregoso e com maior componente de argila, que favorece uma retenção de água mais eficaz, factor determinante nesta zona seca. E ainda menor pressão parasitária e menor desenvolvimento das infestantes, factores de grande importância que salvaguardam o Modo de Produção Biológico”.

Apesar da completa gama e do Reserva que brota da Quinta do Ataíde, há um vinho que invade a minha garrafeira quotidiana, e com quem tenho grande cumplicidade muito especial. O Altano 2011 e mais recentemente o 2012 Branco, feito com as uvas brancas vindas de outras quintas situadas no Douro com mais altitude, que permite ao vinho ter mais acidez e frescura, dá-me grande momentos entre amigos. E nas boas recordações das tantas boas sensações que me deu durante o Verão, as castas muito bem orquestradas pela viticultura protegida por Alexandre Mariz e pelos enólogos Charles Symington e Pedro Correia conseguiram uma dança perfeita entre a Malvasia Fina, o Viosinho e o Moscatel Galego. A sua fermentação entre 14 e 15°C, para preservação máxima dos aromas primários e os meses em cubas de aço inox, que ajudam a preservar toda a frescura do vinho conseguem alcançar um perfume inigualável.

Assim me chegam sensações de frutos tropicais, damascos, pêssego daqueles gordos e sumarentos com cheiro estival e aquele cítrico muito doce do ananás, que ainda se conseguem estender quando bebemos este Altano. A sensação é de frescura total, com aromas de natureza e maçãs verdes com notas cítricas no grand final.

E se ainda não sei orquestrar todas estas sensações que os vinhos devolvem ao nosso lado mais vivo, fica-me bem confessar que não tenho qualquer pretensão de grande entendedora. Mas o universo deu-me instintos largos e sabedoria intuitiva suficiente para perceber que este é um vinho nobre, nos aromas e nas palavras. Assim como o Mocho-de-Orelhas – que ilustra o rótulo e que é muito bem defendido pela graça de Pedro Leal da Costa, responsável da viticultura das muitas quintas da família – uma ave que gosta de abrir os olhos à noite e que para quem a morte não é mais do que um início, e para quem a procura da sabedoria, mesmo às escuras, identifica as notas de música da grande qualidade-preço de um excepcional vinho.

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