Confesso que nunca alimentei as moedas dos arrumadores de carros, mas na extensão do meu ser humano mais inteiro rendo-me à dádiva do sangue ao outro, ao desconhecido, por ser um dos desafios onde me tenho de superar como a mais forte das guerreiras. Numa época onde as cidades se tornam mais poluídas no excesso do desperdício espiritual retenho-me nas dádivas alternativas ou nos momentos onde podemos ser mais extensos. E poderia lembrar-me do desejado sorriso no elevador ou de pequenos momentos do dia ainda mais simples e que fazem toda a diferença, na alegria do sermos humanos. Habituada a deambular por uma área que habita a fantasia, estas linhas são oferecidas às realidades mais cruas, com o apelo a um Natal com um abraço mais largo. Muitas são as opções na cidade para nos estendermos à chegada do menino com mais luz. A dádiva no Banco Alimentar, a distribuição de alimentos aos sem abrigo pela Comunidade Vida e Paz, o apoio às crianças com cancro na Associação Sol, a corajosa presença nos cuidados paliativos do Hospital da Luz e o sonho, tem de haver sempre lugar para o sonho. Por isso a associação Terra dos Sonhos que realiza os desejos de crianças com doenças crónicas ou terminais. Ainda tempo para a ajuda de Mãe ou a delicada ajuda de berço, na época em que recebemos o menino dourado.
publicado em Dezembro de 2009 no Lisbon Golden Guide