Lisboa convida-nos mais uma vez à palavra envolvência. No passado dia 12 de Outubro, na antiga Fábrica de Armas do Braço de Prata, aconteceu a Festa do Festival do Cinema Francês em conjunto com a Festa Lomo. Quem lá esteve confirma que a nossa cidade está a ficar diferente.
Num piso térreo com setecentos metros quadrados, num edifício de 1908, Jose Pinho da carismática livraria Ler Devagar e Nuno Nabais da Eterno Retorno surpreenderam os lisboetas com um projecto alternativo, a Fábrica do Braço de Prata. Aqui respiram-se livros, sentem-se exposições, conhecemos pessoas, tornamo-nos mais humanos e mais felizes por viver em Lisboa. Com nomes que nos convidam a descobrir segredos escondidos, as várias salas Kafka, Nietzche, Arendt, Deleuze, Virginia Wool, Turing, Artaud, Tcekov, Visconti, Marguerite Duras e Beauvoir fazem deste espaço com ambiente minimalista, um lugar urgente a descobrir.
Uma livraria, uma sala dedicada à sétima arte com sessões de Quinta a Domingo, um restaurante onde se pode petiscar fora de horas, um bar de jazz ao vivo com concertos todas as Sextas, uma sala para teatro (ensaios e espectáculos), uma loja de discos, uma loja de roupa em segunda-mão, uma galeria de arte, vários espaços para exposições temporárias, tertúlias e lançamentos e ainda uma esplanada constituem esta nova casa da cultura lisboeta.
Para o futuro está previsto um drive-in, há muito esperado pelo excelente clima da nossa capital. Numa noite onde observei um sonho implementado, imagens presentes e sorrisos livres, partilho este enorme e profundo abraço de prata, que me faz acreditar que Lisboa está de facto a acontecer.
coluna de opinião publicada a 15 de Outubro de 2007 no jornal Meia Hora